Por Antunes Ferreira
Este domingo todos os portugueses (ou quase) vão fazer figas
para que a selecção nacional ganhe o Europeu 2016. O problema é que do outro lado,
todos os franceses (ou quase) estão nos antípodas: são eles que vão vencer o
campeonato da Europa, anda por cima na sua casa. E isso, jogar em casa, é um
dado importante num desafio de futebol internacional. Mas não é determinante.
Normalmente os que jogam em casa são os ganhadores. Porém há também quem dê uma
sapatada na “regra” e a mande às urtigas; porque, como é sabido, ela tem
excepções.
O povo também as tem; no caso vertente são os imigrantes
portugueses que são muitos. Paris é “segunda” cidade portuguesa no que concerne
ao número de cidadãos. E os nossos compatriotas que saíram de Portugal em busca
de melhor vida do que aquela que o País não lhes proporcionaria, quando as
“coisas” aquecem põem em primeiro lugar o patriotismo. Mais: são os mais
patriotas entre todos os patriotas em declaração do Presidente da República
Marcelo Rebelo de Sousa. O afastamento dos locais em que viviam que apesar de
maus são sempre a “santa terrinha”, leva-os a considerar que “Portugal é mesmo
bom!”
Aparentemente é um contrassenso; mas nestas questões de
patriotismo não há regras para a apreciação de resto como em quase todos os
domínios. Somos porque… somos. O mundo mafioso do maior “desporto” do planeta –
que como toda a gente diz não mais é um desporto, mas sim um negócio –
movimenta-se como um satélite em redor da sua “casa mãe”, como se fora um
banqueiro “normal” perante o Goldman Sachs o “banco que manda no mundo”. E não
trago hoje e aqui à colacção a nomeação do inefável cherne ou seja o sr. Dr. Durão
Barroso para presidente não executivo desse monstro onde se joga o destino de
países, políticos, economistas, financeiros e povos.
Entretanto é
sobejamente sabido que o futebol é hoje mais do que ontem uma droga. De resto
nos momentos mais revolucionários em que Portugal viveu depois do 25 de Abril,
o futebol foi considerado o ópio do povo do país dos três Fs – Fátima, Futebol
e Fado. O “vício” do futebol espalhou-se pelo Mundo inteiro. Onde menos se
espera, lá está ele a alimentar as ilusões dos que nele veem o máximo dos
máximos.
E no entanto se se
quiser ser realista, há que saber que ele é um dos melhores negócios ilegais
deste planeta a par com a venda de armas, a prostituição, a traficância das
drogas e, já agora, a corrupção. Mas que importa se os desafios se resolvem num
rectângulo mais ou menos relvado com as medidas permitidas do terreno que são de 90 a 120 metros de comprimento e de 45 a
90 metros de largura? A emoção está lá, as claques estão lá, os jogadores, os
treinadores e as suas equipas, os polícias e até os apanha-bolas também lá
estão.
Os políticos também lá vão, uns porque gostam mesmo do futebol, outros
por puro exibicionismo, por oportunismo ou por interesses mais escondidos. Por
que bulas não havia de estar no estádio o patriotismo? Quem é o mais importante
nos dias que correm: o Santo Condestável ou o Cristiano Ronaldo? Pergunta
despicienda porque a gente sabe a resposta que não tem nada que ver com a
Igreja de Roma…
Neste caldeirão de entusiasmos o patriotismo dos imigrantes portugueses
no país de acolhimento, neste caso a França, é absolutamente natural. Com a
agravante de segundo uma declaração às reportagens de uma portuguesa que vive
há 35 anos em França, “se eles ganharem, vão dar-nos cabo da mona até à
eternidade!”
1 comentário:
É por isso, que eu tinha preferido que ganhasse a Alemanha...
Um abraço, Henrique. Bela crónica, onde tudo se mistura e no final tudo se encaixa nos devidos lugares! :)
Janita
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