O milagre
do Almanac
Por Antunes Ferreira, em Goa
Hoje vou contar um milagre verdadeiro. Não
acredito em milagres, mas neste podem acreditar que sim, que é. Trata-se do Almanac de Parede que acaba de
completar 113 anos sempre em língua portuguesa. A família Correia foi a sua
fundadora. Reporto-me a um excelente assinado por Karsten Miranda n a revista
semanal de OHERALDO de que já escrevi um
texto.
A história dos Correias durante quatro gerações
diz que nasceu em 1903 e era impresso na Tipografia Progresso em Margão. Hoje o
Almanac tem uma tiragem de mil
eemplares, dos uais 125 vão para Damão onde o Português ainda é bastante usado.
Ao fundador seguiram-se o filho Joaquim Felipe Roque Correia e depois o neto
Eric Correia, que é advogado mas continua a editar a publicação.
Passaram pela Direcção Domingos e Elisa Ena
Correia.
Auxilia o causico, sua mulher Sheira que é a
entusiasta do Almanac que entre os
seus diversos apoiantes conta com a Fundação Oriente. Modernzou-se ainda qje
seja publicado a preto e branco. Até já tem um Website linkado ao do governo de
Goa. Continua a publicaar as festas católicas e as hindus, telegramas e seu
preço, dias feriados das duas religiões, regras de de etiqueta e os nomes dos
santos pdroeiros de cada dia. Nem falta a necrologia, com os pormenores dos
funerais e respectivas condolências...
Mas o relevo é dado à festa anual de São
Francisco Xavier na Velha Cidade e às novenas de Goa Velha que não tem nada que
ver com a anterior. Mais um pormenor: no pricípio custava 25 poiçás preço que
nem sequer tinha correspodênciia com o escudo português. Hoje compra-se por dez
rupias (um euro vale cerca de 74 rupias...)
Um amigo que tenho em Mapuçá (a terceira
cidade de Goa) tem a colecção completa do Almanac
de Parede que vem desde l seu bisavô até hoje. Repito o que no início deste
artigo escrevi: é um milagre do querer, da perseverança, do amor da Família
Correia. Sem tentar fazer comparações (que poderiam ser de mau gosto) vem-me ao
toutiço o nosso Borda d'Água ainda que sem tantos pormenores deste último.
Há tempos idos (1980) escrevi para o DN um
texto em que referia o incómodogo da não existência do cê ceilhado cujo tipo se
tinha perdido ou quiçá partido. O título era "Escrever coração com um 5
invertido". Goa está
cheia de coisas quase inverosímeis mas que acontecem desafiando os anos e os
séculos. Não é preciso muito tempo para as descobir e entender. Elas estão aqui
à mão de semear. Haja quem acompanhe um qualquer escriba e elas surgem
aparentemente do nada.
Nunca me passaria pela cabeça saber da eistência
da publicação Parede, mas finalmente e felizmente isso aconteceu. Porque em Goa
pode acontecer tudo, até o Almanac de
Parede que se pode encontrar nas paredes das velhas mansões ao estilo
português. Ou seja, ao estilo luso-goês hoje ao estilo colonial...
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