Neste dia,
em 1834, nasce Edgar Degas, pintor francês
e
e em 1886, morre Cesário Verde, poeta português
Vaidosa
Dizem que tu és pura como um lírio
E mais fria e insensível que o granito,
E que eu que passo aí por favorito
Vivo louco de dor e de martírio.
Contam que tens um modo altivo e sério,
Que és muito desdenhosa e presumida,
E que o maior prazer da tua vida,
Seria acompanhar-me ao cemitério.
Chamam-te a bela imperatriz das fátuas,
A déspota, a fatal, o figurino,
E afirmam que és um molde alabastrino,
E não tens coração, como as estátuas.
E narram o cruel martirológio
Dos que são teus, ó corpo sem defeito,
E julgam que é monótono o teu peito
Como o bater cadente dum relógio.
Porém eu sei que tu, que como um ópio
Me matas, me desvairas e adormeces,
És tão loura e dourada como as messes
E possuis muito amor... muito amor-próprio.
Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'
E mais fria e insensível que o granito,
E que eu que passo aí por favorito
Vivo louco de dor e de martírio.
Contam que tens um modo altivo e sério,
Que és muito desdenhosa e presumida,
E que o maior prazer da tua vida,
Seria acompanhar-me ao cemitério.
Chamam-te a bela imperatriz das fátuas,
A déspota, a fatal, o figurino,
E afirmam que és um molde alabastrino,
E não tens coração, como as estátuas.
E narram o cruel martirológio
Dos que são teus, ó corpo sem defeito,
E julgam que é monótono o teu peito
Como o bater cadente dum relógio.
Porém eu sei que tu, que como um ópio
Me matas, me desvairas e adormeces,
És tão loura e dourada como as messes
E possuis muito amor... muito amor-próprio.
Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'
3 comentários:
Gosto de Degas, e adoro a poesia de Cesário Verde.
O seu único livro - nesta edição, a capa é um soberbo campo de girassóis - é uma das minhas relíquias literárias.
Estou aqui farta de folhear o livrinho, de folhas amareladas, quiçá, cheias de bactérias. Molho o dedo na língua, passo e volto a passar e não é que não encontro essa "Vaidosa", que até já publiquei?
Sinto a vista toldada e isso não me ajuda, mas que 'ela' está aqui, está! Precisarei mudar de lentes? Raio de vida, esta.
Mas reli a "Débil", escrita em Novembro de 1876.
"Eu, que sou feio, sólido, leal
A ti, que és bela, frágil, assustada
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal"
Que pena Cesário Verde ter partido tão cedo...
Beijinho
Primeiro: faça o favor de ir ao oftalmologista, cousa que fiz recentemente.
Segundo: não conheço a tal "Débil".
Terceiro: terceiro..., já me esqueci.
Quarto: 1 bji.
Que dupla: pintura e poesia, ambas de primeira.
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