segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Língua Portuguesa, a Matemática e os fracos resultados

Todos os anos, conhecidos os resultados dos exames nacionais, surge a discussão sobre os fracos resultados nas disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática. E, depois, surgem as análises e as propostas do que se poderá fazer para alterar esta crónica situação. Muitas delas, análises e propostas, vêm dos chamados sectores corporativistas ligados à Educação, como as federações sindicais (uma delas - a FNE - agora afecta ao Governo), as associações dos professores disto e daquilo, com mais notoriedade para a Associação de Professores de Português e a Associação de Professores de Matemática, da qual já foi presidente e, creio, que ainda é associado o actual ministro da Educação e da Ciência.

Surge, assim, o anúncio das primeiras medidas a pôr em prática já no próximo ano lectivo. É curioso que os ajustamentos decorrentes dessas medidas vão recuperar partes da reforma curricular aprovada pelo Governo anterior, a qual foi revogada pelos partidos da oposição da qual faziam parte o PPD e o CDS. É curioso!!! São suprimidos do currículo do 3º. ciclo a Área Projecto e o Estudo Acompanhado e no 2º. ciclo a área Projecto. Em compensação vão aumentar as horas de Língua Portuguesa e de Matemática. Bom, não discuto a competência científica e pedagógica do ministro e de todos os seus acólitos, mas entendo que o insucesso não se combate com mais horas. O que é mais urgente é conseguir mudar as atitudes dos alunos, e não só, perante estas disciplinas. Tenho quase a certeza que uma percentagem enorme (colossal!) daqueles alunos que tiveram maus resultados àquelas disciplinas, não fariam melhor se tivessem mais horas de aulas no currículo. Tinham era dado mais faltas; tinham era perturbado mais aulas; tinham era deixado de fazer mais trabalhos de casa, etc, etc. Mas não é só a atitude dos alunos que é preciso mudar. Também é preciso mudar a atitude dos pais, que têm de tomar consciência que são os únicos responsáveis pela educação dos filhos. As escolas ajudam os pais nessa tarefa, ensinando o que eles não sabem ou não podem ensinar.

Portanto, antes de tomarem cegamente algumas medidas, faça-se uma discução pública séria das mesmas, sem espírito politiqueiro.

2 comentários:

500 disse...

Ouvi, de tarde, num daqueles programas televisivos abertos ao público, uma mãe queixar-se de uma professora de matemática de sua filha que dizia (a professora) estar ali (na sala de aula) para despejar a matéria e não para que os alunos aprendessem, além de insultar frequentemente os alunos. A senhora deu o nome da Escola e da professora. Bem sei que uma andorinha não faz a Primavera, mas quantos professores como esta existirão? Claro que o Mário Nogueira, que está preparado para ir de férias, já veio dizer que é preciso mudar tudo. Por tudo, entenda-se aquilo que interessa aos professores.
Também não creio que o problema resida no número de horas lectivas às disciplinas em questão. Outras razões deverão existir, que ignoro, por não ter qualquer contacto com o ensino. Programas desajustados? Exames não condizentes com os programas? No caso do Português, não existência de critérios uniformes de avaliação dos exames? Diferença nas Escolas no que respeita ao modo como a matéria é dada, sendo que uma apenas preparam os alunos para os exames, como vou lendo por aí? Lá que alguma coisa tem que ser feita, não me restam dúvidas.

4pereiro disse...

Gostava de saber se a mãe queixosa é daquelas que participa na vida da escola da filha e, mesmo não o sendo, se perante o facto de que publicamente se queixou o foi apresentar na escola à Direcção da mesma e aos pais que representam todos os outros nos órgãos de gestão. Diz-me a experiência que tenho destas coisas, que aqueles pais e mães que normalmente se queixam na praça pública fazem parte daqueles que quase nunca põem os pés na escola. E, coincidência ou não, quase sempre os seus filhos pertencem ao número daqueles que têm fraco aproveitamento e mau comportamento. Talvez este caso seja uma excepção. Oxalá.