sexta-feira, 22 de julho de 2011

ARTISTAS

Primeiro, faz-se passar para a opinião pública o "desvio colossal" nas contas públicas, numa pretensa afirmação de Passos Coelho numa reunião partidária. O inenarrável Frasquilho vem confirmar, com um discurso redondo e dúplice, como é seu hábito, que assim é. O ministro das Finanças, por sua vez, ainda que não tenha assistido à reunião (parece que é "independente"), faz a sua interpretação autêntica da coisa e inventa uma estória para embalar meninos. O venerando, qual oráculo de Delfos em versão lusa e actualizada, não diz, como sempre, coisa com coisa e só os iniciados o entendem e aplaudem, mesmo sem consulta ao seu facebok. Um diário titula que a troika quer saber do tal "desvio colossal", que ainda não detectou e de que nunca ouviu falar. Passos continua mudo e quedo. Vem agora a lume a verdadeira versão, que nada tem a ver com a primitiva. Mas, à pala, metade do 13.º mês já lá vai (ou irá ir) e os transportes públicos acelerarm 15% na velocidade média.
Começo a pensar que Sócrates era um menino de coro, depois de ver a actuação destes artistas. E a procissão ainda tem os andores recolhidos e os anjinhos ainda estão na sacristia a pôr as asas nas costas e os resplendores na cabeça. Quando a procissão estiver a percorrer a rua principal, com os sinos a repicar, a fanfarra dos bombeiro a abrir, a banda musical a fazer-se ouvir, o senhor abade debaixo do pálio abençoando os fieis, pálio segurado pelos homens-bons da aldeia, então sim, vamos começar a ter festa, que terminará com o habitual arraial de fogo de artifício e a actuação de outros artistas da moda.
Não há nada como uma conversa de pé-de-orelha convincente com a kaiser para mudar tudo. Temos artista(s). Receio, contudo, que os romeiros fiquem exaustos com tanta (com)participação e não compareçam nas próximas festividades, até porque a recolha de fundos, dizem, mais parecia um assalto. Vão ser mais contidos nas promessas à santa padroeira das festividades.
PS - Parece-me que comecei com um propósito e subverti tudo. Está escrito e assim fica.

Sem comentários: