sábado, 5 de maio de 2012

Uma vergonha!


O futebol português não tem emenda. E isto, porque é dirigido por homens (são muito raras as mulheres dirigentes no futebol) sem escrúpulos e para quem vale tudo para chegarem e depois se manterem no poder. E todos procuram protagonismo, ainda que pelas piores razões. Por outro lado, os negócios e as negociatas do futebol são muitíssimo diferentes no futebol dito amador em comparação com o futebol profissional e neste entre a primeira liga e a segunda liga. Daí que tenha sido eleito um presidente da Liga, apoiado pelos clubes mais pequenos, que são a grande maioria, e após ter feito várias promessas, de entre as quais a maior e mais decisiva para a sua eleição foi a de alterar os regulamentos do campeonato, ainda esta época, de modo a que nenhum clube descesse de divisão.
O nosso campeonato é talvez o mais desnivelado de todos. Há três clubes que são crónicos candidatos ao título (os chamados três grandes) aos quais às vezes se junta um chamado outsider, como o foi nos últimos anos o Braga. Há campeonato da primeira divisão desde 1934, portanto há 78 anos e só cinco clubes o ganharam, sendo que dois deles só o ganharam por uma vez – Belenenses e Boavista, e ambos já não o disputam. Quer dizer, então, que no nosso campeonato principal três e às vezes quatro equipas disputam a vitória e as restantes disputam a manutenção.
Consequências disto tudo: Só Porto, Benfica e Sporting levam gente aos estádios. Em muitos dos outros jogos até dá pena vê-los vazios. Claro, não há receitas de bilheteira e as de publicidade são muito mais pequenas. O dinheiro é cada vez menos e as despesas que deviam diminuir até aumentam. Começa então a não se cumprirem compromissos assumidos e outras obrigações. Não se paga ao Estado, a fornecedores e aos jogadores.
Segundo se diz, são milhões as dívidas dos clubes ao Estado e são muitos milhares, ou até milhões, as dívidas dos clubes aos jogadores. Fala-se que 80% dos jogadores têm salários em atraso e são vários os clubes que não pagam as suas obrigações e estão à beira da falência. Gastam muitíssimo mais do que aquilo que podem gastar.
O caso mais premente nesta atura é o do Leiria que até jogou na última jornada apenas com oito jogadores disponíveis. Uma situação deplorável e alvo de chacota no estrangeiro.
Pois bem, os dirigentes desportivos, em vez de se reunirem para pensarem em medidas que acabem com estas situações, reuniram-se e resolveram aumentar o número de clubes da primeira liga e, por arrastamento, na segunda liga. Uma vergonha! Mas mais vergonhoso ainda são as justificações dadas por alguns deles. Nem há palavras para os qualificar.
Está na altura de os poderes públicos deixarem de se acobardar com o argumento que o futebol é gerido por associações privadas e pôr ordem naquilo tudo. E rapidamente.



1 comentário:

500 disse...

Nem mais.
A 1.ª Liga devia ter, quando muito, 12 clubes, eventualmente, como mais que 2 voltas.