O
futebol português não tem emenda. E isto, porque é dirigido por homens (são
muito raras as mulheres dirigentes no futebol) sem escrúpulos e para quem vale
tudo para chegarem e depois se manterem no poder. E todos procuram
protagonismo, ainda que pelas piores razões. Por outro lado, os negócios e as
negociatas do futebol são muitíssimo diferentes no futebol dito amador em
comparação com o futebol profissional e neste entre a primeira liga e a segunda
liga. Daí que tenha sido eleito um presidente da Liga, apoiado pelos clubes
mais pequenos, que são a grande maioria, e após ter feito várias promessas, de
entre as quais a maior e mais decisiva para a sua eleição foi a de alterar os
regulamentos do campeonato, ainda esta época, de modo a que nenhum clube
descesse de divisão.
O
nosso campeonato é talvez o mais desnivelado de todos. Há três clubes que são
crónicos candidatos ao título (os chamados três grandes) aos quais às vezes se
junta um chamado outsider, como o foi nos últimos anos o Braga. Há campeonato
da primeira divisão desde 1934, portanto há 78 anos e só cinco clubes o
ganharam, sendo que dois deles só o ganharam por uma vez – Belenenses e
Boavista, e ambos já não o disputam. Quer dizer, então, que no nosso campeonato
principal três e às vezes quatro equipas disputam a vitória e as restantes
disputam a manutenção.
Consequências
disto tudo: Só Porto, Benfica e Sporting levam gente aos estádios. Em muitos
dos outros jogos até dá pena vê-los vazios. Claro, não há receitas de
bilheteira e as de publicidade são muito mais pequenas. O dinheiro é cada vez
menos e as despesas que deviam diminuir até aumentam. Começa então a não se
cumprirem compromissos assumidos e outras obrigações. Não se paga ao Estado, a
fornecedores e aos jogadores.
Segundo
se diz, são milhões as dívidas dos clubes ao Estado e são muitos milhares, ou
até milhões, as dívidas dos clubes aos jogadores. Fala-se que 80% dos jogadores
têm salários em atraso e são vários os clubes que não pagam as suas obrigações
e estão à beira da falência. Gastam muitíssimo mais do que aquilo que podem
gastar.
O
caso mais premente nesta atura é o do Leiria que até jogou na última jornada
apenas com oito jogadores disponíveis. Uma situação deplorável e alvo de
chacota no estrangeiro.
Pois
bem, os dirigentes desportivos, em vez de se reunirem para pensarem em medidas
que acabem com estas situações, reuniram-se e resolveram aumentar o número de
clubes da primeira liga e, por arrastamento, na segunda liga. Uma vergonha! Mas
mais vergonhoso ainda são as justificações dadas por alguns deles. Nem há
palavras para os qualificar.
Está
na altura de os poderes públicos deixarem de se acobardar com o argumento que o
futebol é gerido por associações privadas e pôr ordem naquilo tudo. E
rapidamente.
1 comentário:
Nem mais.
A 1.ª Liga devia ter, quando muito, 12 clubes, eventualmente, como mais que 2 voltas.
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