quinta-feira, 21 de novembro de 2013

CONTRIBUTOS EXTERNOS





Mais um contributo do Zé Gil




TEMPO de FEIRA

                                                                               Gil Monteiro*

Será que os tempos de crise tornam os dias de feira mais movimentados?
Talvez. É preciso quase tudo vender, para pouco se poder comprar! Mas, o mercadejar é intenso, desde quem apregoa as castanhas da cesta ou vende por 3 euros dois guarda chuvas! Assisti às reais transações na última feira de Trancoso: muitos espaços e grande variedade de artigos expostos, quase todos em bancas próprias ou tendas montadas; o mercado municipal, amplo e moderno, estava em funcionamento. Só um vendedor (marroquino?!) vendia kispos espaciais e especiais na escadaria do mercado!
O artesanato antigo está na berra, desde a venda de piões de nicas às bonecas caseiras, feitas para meninas! Mas eram os objetos antigos, que se viam a funcionar na meninice, a mostrar novas pujanças. Os candeeiros de vidros, as tenazes e espetos, potes de ferro... Até os panelos (em barro vermelho ou preto de Bisalhães) furados para assar castanhas à lareira, ou tostar nas cozidas, “sorriam” aos passantes! Fazia sorrir, mesmo, os pregoeiros das tendas em competição, em frente das várias barracas próximas. Um até desabafou:
 – Vendo mais barato e ninguém me compra!...
Será que a iluminação por candeias, lampiões e candeeiros vai voltar?! A energia elétrica passou a ser muito cara?! Devido aos incendiários dos montes, há mais lenha para a lareira?
A costela rural vibrou ao ver velhos e novos artefactos agrícolas. Tive em mãos uma enxofradora de balanço (antiga) e uma podoa de serrar e cortar ramos das árvores (moderna). As plantas ornamentais e de sabores eram muito transacionadas, principalmente as roseiras, rabanetes e alhos francês. Mas, forte, forte, eram as muitas plantas de viveiro a aliciarem novos donos. Acarinhei uma oliveira, de meia altura, carregada de olivas – merece o termo – de tamanho superior, nunca vistas em árvore, mesmo na Grécia! Não a comprei, apesar de custar 50 euros, por ser única, e poder não fazer descendência.
Antigamente, na feira de S. Martinho de Anta, os negócios de monta, porcos, cavalos, ovelhas, eram rematados e selados bebendo uns copos de vinho na taberna; o nosso deambular, agora, terminou num café, onde havia uma grande bicha para registar o euro milhões! Tendo, antes, passado pelas bancas dos enchidos e presuntos; dos queijos e doces e compotas caseiros. Por pieguice a comprar, passei ao largo do doce da Teixeira. Ó Providência! – O filho João, sofrendo do mesmo apetite, comprou uma embalagem, sem ninguém pedir ou mostrar interesse, e revestida em hermética folha plástica!

As muitas atividades feirantes mostraram um Portugal renovado, com muita afoiteza para ser próspero.
Era preciso almoçar, logo entrar na fortaleza. O café restaurante o Castiço fazia apelo, com rodas de carros de bois e alguns apeiros, decorando a entrada. Tivemos sorte. Alem de servir vinho de Soutelo do Douro, podemos escolher, agora tanto na moda, a salada de bacalhau desfiado, tigelas de tripas, sem arroz, comidas à colherada, entre outros petiscos, degustei:
             pela primeira vez, milhos doces!!!
Ao pedir arroz doce e aparecerem os milhos, saiu-me a lotaria!

Porto, 6 de novembro de2013
                                                                                             *José Gil Correia Monteiro

                                                                                                        jose.gcmonteiro@gmail.com     

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