Antes
das eleições autárquicas, sobretudo no último mês e meio, os comentadores
políticos e principalmente os jornalistas/comentadores (ou comentadores
jornalistas) diziam que nem o PS teria uma grande vitória nem o PPD teria uma
significativa derrota. E que por isso, atendendo a que a ocasião era favorável
ao PS e desfavorável ao PPD, por força da austeridade governativa, o líder
António José Seguro iria enfrentar alguma ou muita contestação no partido,
dependendo da fraca vitória ou, quiçá, de uma derrota de última hora. Ao contrário,
Passos Coelho teria praticamente garantido o sossego da sua liderança. Puro
engano daqueles sabichões! Afinal, apurados os resultados das eleições
verifica-se que o PS teve uma vitória clara e inequívoca e que o PPD teve uma
grande derrota. O PS alcançou resultados eleitorais que nenhum outro partido ou
coligação alguma vez obteve em eleições autárquicas. Ganhou algumas das Câmaras
das localidades mais populosas do país – Lisboa, Sintra, Gaia, Amadora,
Odivelas, Gondomar, Valongo e outras. O PPD, mesmo coligado com o CDS/PP (Paulo
Portas) de Câmaras populosas ganha Braga e Cascais. Mas a vitória do PS, que é
efectivamente uma grande vitória, não é porém uma vitória imaculada, pois
perdeu três bastiões onde tinha ganho sempre – Braga, Guarda e Matosinhos, e
uma outra onde governou os últimos 12 anos – Loures. E se nos casos de Braga,
Guarda e Loures podemos dizer que funcionou a alternância, em Matosinhos funcionou,
ou melhor, não funcionou a coragem e a autoridade do líder para pôr cobro à
ambição desmedida de um dirigente local que pensou poder manobrar os eleitores
do PS como manobrou alguns militantes do Partido.
Para
além de PS e PPD e à parte as candidaturas de Independentes de que falarei
depois, quero pronunciar-me sobre os resultados da CDU, do BE e do CDS.
A
CDU, como sempre ganhou – dizem eles! Ganhou, como? Teve mais votos? Conquistou
mais câmaras? Elegeu mais candidatos? Claro que não. Teve vitórias parciais em
câmaras importantes, é certo, mas quase todas, ou mesmo todas, são câmaras que
tinha perdido há pouco tempo para o PS.
O
Bloco de Esquerda sofreu também uma enorme derrota, a qual não tem a mesma
repercussão da derrota do PPD porque o BE não passa de um partido de protesto
com muito pouca ou nenhuma implantação autárquica.
Finalmente
o CDS/PP. Se alguém tinha dúvidas de que Paulo Portas é o maior malabarista da
política portuguesa, tirou-as na noite eleitoral. Com que alegria Portas anunciou
que tinha ganho 5 câmaras – um penta, como ele referiu de mão aberta. Pobre
partido de poder que canta vitória com tais resultados! Ah, qual daquelas
câmaras tem pouco menos ou pouco mais de cinquenta mil habitantes? No fundo,
Portas falou para dentro do partido, tentando apagar a fogueira que acendeu
quando fez aquele golpe palaciano que o levou a vice-primeiro-ministro.
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