terça-feira, 12 de agosto de 2014

MAIS BES


Moreira Rato devia ser gestor 

do Novo Banco?


por PEDRO TADEUHoje
João Moreira Rato recebeu o beijo da morte do
 Wall Street Journal. Nomeado administrador 
financeiro do Novo Banco, que substitui o
 proscrito BES, o homem que desde junho de
 2012 geria com aparente brilhantismo a 
negociação de dívida pública do Estado é 
apontado a dedo pelo jornal norte-americano: 
entre 2008 e 2010 Rato era sócio gerente 
da Nau Capital, um fundo de investimento 
que criou 
com João Poppe graças a 200 milhões de 
euros emprestados pelo Banco Espírito 
Santo.
João Poppe é sobrinho de Ricardo Salgado 
e fora vice-presidente do BES entre 2001 e
 2007.
Moreira Rato saiu da Nau Capital em 2010 
para dirigir a Morgan Stanley. Poppe levaria,
 em 2011, o fundo da Nau Capital para a 
Eurofin, onde ganhou um lugar na direção.
A Eurofin é uma firma com sede na Suíça 
que realizou várias operações de 
financiamento ao Grupo Espirito Santo 
(GES). Para a Eurofin trabalhava Francisco 
Machado da Cruz. Segundo a empresa,
 ele foi administrador não-executivo da
 Eurofin Holding SA
 até março passado, mas não teve mandato
 da 
Eurofin Group em relação ao BES ou ao 
GES.
Acontece, porém, que este Machado da
 Cruz 
era contabilista da ESI, a "holding" de 
controlo
do GES onde foram detectadas 
irregularidades 
nas contas de 2012 pois faltavam contar 
prejuízos
 no valor de 1,3 mil milhões de euros.
 Em entrevista 
ao Expresso, em junho, o contabilista 
afirmou que "Ricardo Salgado sabia" 
que as contas da ESI não refletiam a 
verdade.
Seguiu-se o descalabro conhecido que 
levou 
Vítor Bento e Moreira Rato a irem para o 
BES o 
que, entre um milhão de outras coisas 
mais
 relevantes, os leva a deter 15% do capital 
da 
empresa onde trabalho.
Porque é que o Wall Street Journal achou 
importante fazer esta tortuosa ligação 
entre 
Moreira Rato e o "lado mau" dos negócios 
do Grupo Espírito Santo? Se esta parte da 
história ficar por aqui não se visiona nada 
de irregular, suspeito ou equívoco com ele.
 Certo? Certo, mas...
Para o Wall Street Journal esta notícia 
terá 
um significado: o novo administrador 
do Novo 
Banco foi substancialmente financiado 
pelo 
BES e foi sócio de um sobrinho de Ricardo 
Salgado envolvido nos negócios do banco. 
Será injusto mas, dada a situação explosiva 
que se vive, estes factos tornam temerária e
 insensata a nomeação de Moreira Rato para
este cargo específico.
Quem o nomeou sabia? E ele, avisou quem 
devia? Provavelmente sim. Acharem que isso
 não tinha importância poderá ser fatal para o
 Novo Banco. Basta o Wall Street Journal ou 
outro qualquer insistirem para os mercados, 
os bem ditos mercados, acusarem o toque.
 E os políticos também estão à coca... Uma 
fragilidade, adicional, bem escusada. 
Uma parvoíce, em suma.

Pedro Tadeu, in Diário de Notícias online

Que e quem se seguirá a esta estória?

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