quinta-feira, 5 de junho de 2014

CONTRIBUTOS EXTERNOS

Mais um contributo do Henrique Antunes Ferreira

Passos já não vai ao Brasil:
to be, or not to be

Antunes Ferreira
Os Portugueses estão preocupados, o País deprimido, o Mundo admirado: por culpa das manigâncias do Tribunal Constitucional contra o seu Governo, Passos Coelho cancelou a sua deslocação ao Brasil onde assistiria ao Portugal Alemanha ao lado da patroa Angela Merkel que, num arroubo de generosidade, lhe permitiria tal lugar.

Mas, antes da dolorosíssima decisão, o primeiro-ministro bem se esfalfou para pedir a aclaração da sentença do órgão que entrava a vida democrática de Portugal. Curiosamente o Tribunal Constitucional ombreia hoje com o Tribunal de Contas dos anos 90, presidido por Sousa Franco: ambos são “forças de bloqueio; com terminologia diferente, mas entendimento igual. E o mais curioso é que Cavaco Silva esteve e está na ribalta nesses dois momentos da vida política nacional.

Troque-se por miúdos. "O primeiro-ministro decidiu, tendo em conta o novo quadro aberto pelo acórdão proferido pelo Tribunal Constitucional e a necessidade de responder às exigências complexas de superação da situação, cancelar a sua programada visita ao Brasil, que decorreria de 12 a 16 de Junho", refere uma nota enviada à Lusa pelo gabinete do chefe do Governo. É de homem. Os TCs foram e são uma verdadeira oposição. E, ainda por cima, de toga.

No entretanto, o Executivo de Passos & Portas não dorme. Pelo sim pelo não apressou-se a fazer queixinhas ao Presidente da República e ao Parlamento, presidido por uma militante do PPD. Para que, todos juntos, tentem que o Tribunal Constitucional aclare a malfadada e malvada sentença, justamente quando o País estava a consolidar a sua estabilidade
O primeiro-ministro considerou também que Portugal não pode estar «num permanente sobressalto constitucional» e que as medidas substitutivas a avançar pelo Governo e a estratégia orçamental dependem de uma rápida «clarificação política» por parte do Tribunal Constitucional. E acrescento ainda que “não podemos a cada três meses estar a decidir alterar o Orçamento do Estado e dar às pessoas uma instabilidade absoluta quanto a saber como é que vão funcionar as pensões, como é que vão funcionar as reduções salariais, as contribuições para os subsistemas de saúde”.

Lançado o alarme, as coisas fiam mais fino: ou o Tribunal Constitucional aclara o que não necessita de aclaração, segundo ele próprio ou ensina o Governo a substituir aquilo que ele, Tribunal, cortou. Shakespeare no seu “Hamlet” escreveu o clássico “to be, or not to be”.
Coitado do Coelho...

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