segunda-feira, 12 de março de 2012

O Presidente que divide em vez de unir

Abriu muita polémica o prefácio do último livro da Presidência da República sobre o último roteiro do Presidente. Resolveu Cavaco Silva, de uma forma que já apelidei de cobardia política, desancar em José Sócrates, o anterior primeiro-ministro, acusando-o de deslealdade, histórica, pelo facto de não lhe ter dado conhecimento do PEC IV. Bom, foram-lhe feitas várias críticas relativamente ao conteúdo e à oportunidade do prefácio, mas foi sobretudo o facto de o mesmo dividir os portugueses, numa altura de profunda crise económico-financeira e social, quando toda a gente diz que o principal papel do Chefe de Estado deveria ser o de tudo fazer para os manter unidos.

Hoje, numa qualquer visita que Cavaco Silva fez a instalações da Marinha, foi abordado por jornalistas no sentido de comentar as críticas de que foi alvo. Cavaco, em vez de se conter, para que este assunto morresse cedo, fez o contrário, atiçou mais o fogo e até pediu aos portugueses para lerem o prefácio (se calhar para que possa vender uns livritos), invocando até o artº. 201 da Constituição, o que nos obriga a perguntar: Então, porque não demitiu José Sócrates, teve medo de quê?

Ah, sou de certeza um dos muitos portugueses que não vão ler o dito documento. Entre outras coisas porque não acredito que tenha sido Cavaco a escrevê-lo. As ideias, não tenho dúvida, são realmente dele. Exprimem o ódio, o rancor e o desejo de vingança para com alguém que de uma maneira ou de outra o enfrentou. Mas, quem não sabe quantos cantos têm "Os Lusíadas", não tem conhecimentos de Português, nem estrutura, para escrever mais do que uma cartita.

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