sábado, 25 de outubro de 2014

CONTRIBUTOS EXTERNOS

Preguiçosos, orgulhosos e mentirosos

Por Antunes Ferreira


Coelho perdeu a cabeça (se é que não a tinha já perdido) quando no encerramento das jornadas parlamentares da maioria PSD/CDS cavou mais uns bons decímetros para a própria sepultura. Desvairou completamente quando se abordava o famigerado Orçamento do Estado, OE, para o próximo ano. O tema, espinhoso, pelos vistos apoquenta-o, pois para dizer o que disse é absolutamente necessário que esteja doente psiquiátrico.
Transcrevo o “Público”: “(…) o momento mais inflamado do discurso – que encerrou as jornadas parlamentares da maioria PSD/CDS – aconteceu quando o primeiro-ministro atacou comentadores, depois de se ter referido a jornalistas também. “Todos os comentadores e jornalistas podem olhar para os números e saber o que eles dizem”, afirmou, para logo lamentar: “Pena que para neste exercício de coerência muitos sejam preguiçosos e às vezes orgulhosos. Têm-se dito no debate público inverdades como punhos”.
Sempre quero ver como reagirão os visados que são “muitos”. Pelo que me toca não me considero orgulhoso ou preguiçoso e muito menos mentiroso. E se é certo que o tenha comentado em termos críticos e, por vezes, mesmo acintosamente críticos, eles não têm a difusão que teriam se fossem feitos num qual órgão da comunicação social. Assim sendo e neste espaço repito que para o nosso primeiro está na hora de consultar um psiquiatra.
Comentadores e jornalistas ou jornalistas e comentadores coloca-os Coelho no mesmo ninho o que me parece no mínimo desaconselhável, pois um dia destes vai descobrir que se tratava de um ninho de víboras às quais não convidara para a mesa do Orçamento – neste caso o de 2015. E seguindo uma linha lógica, as víboras mordem, injectam os seus venenos  e muitos até são mortais. Por isso creio que o (ainda) chefe do (des)Governo não cuidou do que as suas afirmações puderam e poderão causar.
É triste ver um homem desvairado. O meu avô materno dizia que um homem desvairado é muito pior do que uma mulher bêbada; salvaguardando o tempo, os hábitos e a cultura geral, o dito não era contra as mulheres, ainda que embriagadas, mas sim contra os homens que numa qualquer altura perdessem as estribeiras, ou seja desvairassem.
Por tudo isto fico à espera das cenas dos próximos dias. O silêncio dos cemitérios é o que assusta mais. Espero com convicção que neste caso o silêncio sejam completamente esfrangalhado. Quem não deve – não teme. Ou será que os poderes, sejam eles políticos, económicos e financeiros, uma vez mais se esforçarão para que as possíveis (e devidas) respostas sejam comedidas. Coelho não foi.




Sem comentários: