Arquive-se a professora

Bruna Real, profesora na Escola do 1º. ciclo do ensino básico de Torre Dona Chama, em Mirandela, resolveu, no âmbito da sua vida privada, posar nua, ou quase, para a revista Playboy. O caso já preencheu várias páginas dos jornais, algum tempo nos noticiários televisivos e radiofónicos e muitas mensagens e comentários na chamada blogosfera. O frenesim é de tal ordem que até parece que a jovem professora cometeu um crime, quando o que ela fez é um acto legítimo que só a responsabiliza a ela, embora possa ser censurável. O que não pode ser é condenável e muito menos na praça pública.

Em Mirandela muita gente pediu a sua condenação, desde logo o Director do Agrupamento de escolas de Torre Dona Chama, de seu nome José Garcia, que podendo e devendo chamar-lhe à atençao para a imprudência que cometera, sobretudo tendo em conta o meio em que a escola se insere, devia protegê-la. Mas não, o que fez foi pedir à Câmara Municipal, que a contratou, que tomasse uma atitude. A Câmara, sobretudo o Presidente, como não tinha a certeza de a poder afastar, mandou-a para o ... Arquivo (Arquive-se!).

Quero ainda reprovar alguns comentários da Senhora Vereadora da Educação da Câmara Municipal de Mirandela. Diz a senhora: " Já toda a gente gozava com a situação"; Por isso e pelo "alarme social causado"; foi decidido " o seu afastamento das actividades lectivas" e de "qualquer contacto com alunos pais ou colegas". Ó senhora vereadora: diz a senhora que toda a gente gozava; qual gente? Aqueles, homens e mulheres (mais elas do que eles) que esgotaram as revistas? E que por isso e pelo alarme social, ..., qual alarme social senhora vereadora? Andava alguém a cometer crimes? A conduta da profesora era atentatória da segurança, da integridade física, moral e patrimonial das gentes de Mirandela? Afastá-la do contacto dos pais e dos colegas; querem ver que a senhora vereadora pensa ter poderes para para condicionar a liberdade de alguém, só porque lhe paga o ordenado? Não dá para aceditar. Às vezes até me interrogo: Estarei a sonhar? Se não estou parece, já que decisões destas sucediam quando cursava o liceu, nos anos cinquenta e sessenta, quando éramos governados pelo grande defensor da moral púdica e dos bons costumes, chamado António de Oliveira Salazar.