quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

AS MULAS

A Fernanda Câncio tem a mania de ler relatórios, e o do FMI sobre Portugal leu-o até às assinaturas. Entre estas, ela desencantou o nome de Carlos Mulas-Granados, espanhol, diretor da Fundación Ideas, dos socialistas espanhóis. A Câncio tem o hábito de não guardar para si as perplexidades que encontra. Aqui, no DN, na semana passada, ela seguiu a pista do estranho socialista espanhol, à partida avesso ao aperta-aperta do relatório de que foi um dos autores. Começou por se saber que no Carlos Mulas (é assim que é conhecido em Espanha) havia uma coerência, digamos, endógena. Em se tratando do corpo castelhano, o homem era pra-frentex, assessor de Zapatero e autor dos programas eleitorais do PSOE. Mas quando emigrava dava-lhe - pelo menos no caso português, deu - para a austeridade: corta!, era a sua ordem preferida. O seu slogan seria, pois: "Austeridade num só país (o do lado)!" Foi esta criatura que Fernanda Câncio escalpelizou, aqui. Ontem, o jornal El Mundo descobriu que a fundación que o Mulas dirigia publicava textos pagos de uma tal "Amy Martin". Esta escrevia que se desunhava (do cinema nigeriano à medição da felicidade) e fazia-se cobrar bem (50 mil euros de crónicas em dois anos). Tudo bem, não fora a Amy ser o Mulas, que já foi demitido. Se já com Espanha Carlos Mulas-Granado era antiausteridade, consigo próprio era a favor de um regabofe. No fundo, o costume: o cinto dos outros é que é de apertar.

Ferreira Fernandes, no DN de hoje

Pois é, o FMI e quejandos está cheio destas mulas mui honestas e acima de qualquer suspeita, que fazem a felicidade de uns quantos, incluindo eles próprios como é bom de ver.
Diz-se agora que a ex-mulher, para tentar safá-lo, vem dizer que a 'Amy' é ela, quando o próprio já havia confirmado ser ele o autor dos relatórios, estudos e crónicas as mais diversas.
Depois disto será de considerar o último relatório da troika como um trabalho sem nódoas?
E será que o "nosso" Artrur Batista da Silva era compincha do Mulas?







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