sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Nem todos pagam a crise

Ouvi hoje duas notícias que confirmam aquilo que muitos portugueses já sabiam: são sobretudo os portugueses trabalhadores por conta de outrem, funcionários públicos ou trabalhadores de empresas privadas, quem paga a crise.
Primeira notícia: os principais bancos portugueses têm lucros de alguns milhões de euros por dia. Pois é, em consequência da crise os bancos portugueses sentem dificuldade em obter crédito juntos dos bancos estrangeiros e, por isso, o Banco Central Europeu, empresta-lhes dinheiro com uma taxa de juro muito baixa; dinheiro esse que depois vão emprestar às empresas portuguesas e aos portugueses em geral a taxas de juro quatro ou cinco vezes superiores, o que lhes traz lucros anormalmente superiores aos que teriam numa situação normal. E com estes lucros, o que contribuem para a crise? Nada. E mais, ainda ouvi um banqueiro a manifestar o seu descontentamento relativamente a qualquer imposto especial que venha a ser imposto à banca.
Segunda notícia: as dez maiores empresas cotadas na bolsa aumentaram os seus lucros em 24% nos últimos nove meses. E o que têm contribuído para a crise? Nada. E ainda ouvimos os representantes do patronato a quererem baixar salários e a não quererem assumir o salário mínimo acordado em Concertação Social.
Uns e outros só podem estar a brincar com os portugueses. Esta gente não tem vergonha!

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