Pela forma desenfreada como este Governo e a maioria que o apoia no Parlamento está alterar as leis do trabalho, sempre em desfavor dos trabalhadores, que são a parte mais fraca nas relações laborais entre patrões e empregados, não tenho a menor dúvida que estamos a regredir, e muito, no que diz respeito à segurança do emprego e a dar aos patrões a possibilidade de arbitrariamente mandarem um trabalhador para o desemprego e, em muitos casos, para a pobreza. Já referi neste espaço que não falta muito para que os trabalhadores de agora tenham mais insegurança no emprego do que tinham os trabalhadores dos últimos anos do Estado Novo. Ainda agora ficamos a saber que estes vilões (não consigo outro qualificativo) querem acabar com qualquer compensação a pagar aos trabalhadores que são mandados para a rua no fim dos contratos a termo, e sem aviso !... Não há palavras!! Pior do que isto só voltarmos às praças de jorna. Ainda me lembro, nos tempos do salazarismo, de ouvir os feitores das quintas do Douro a comentarem, entre si e com os patrões, o valor da jorna naquele dia, normalmente à segunda-feira: “Hoje estava mais cara do que na semana passada”, diziam. E completavam: “Na semana passada estava a dez, mas hoje queriam doze. Há mais trabalho e menos homens!” Era a lei da oferta e da procura. Não para comprar e vender homens, é verdade, mas sim para comprar e vender a sua força de trabalho. Só por isso, as praças de jorna não eram consideradas mercados de escravos. Mas hoje, com a embalagem com que o Governo pretende agradar ao patronato, não sei mesmo se não iremos ver mercados de escravos. Mas, é claro, mais sofisticados. Uma vergonha!
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1 comentário:
Devagar, devagarinho, lá iremos à praça (leilão) do operariado à jorna. Não julgava regressar aos anos 40/50 do século passado.
Devagar, devararinho, conseguimos sair daquela situação, agora é à bruta, sem reter a respiração.
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