sábado, 14 de abril de 2012

Porquê?

A Assembleia da República aprovou ontem, por larguíssima maioria (PPD e CDS+PS), o célebre Tratado Orçamental, imposto pela Sra Merkel e pelo Sr Sarkozy aos restantes países da Europa. Porquê, pergunto? Portugal foi o primeiro país que ratificou tal tratado, quando tinha muito tempo para o fazer. Mais, em alguns dos países que também têm de o aprovar é necessário referendá-lo, por imperativos constitucionais. Então, qual a pressa?
Bem, a do PPD e a do CDS deve-se ao respeitinho que Passos Coelho e Portas têm quanto aos quereres da Sra Merkel e, também porque querem mostrar aos outros líderes europeus que são bem comportados e subservientes.
Mas, quanto ao PS, não descortino um só motivo para dizer sim a este documento. Na sua essência é um tratado que impõe para toda a Europa uma política neoliberalista e impede que um governo de matiz socialista ou social-democrata, escolhido soberanamente pelo seu povo, ponha em prática princípios e programas de governação próprios da sua filosofia política. Quer dizer então que o PS (eu atrevo-me a dizer os dirigentes do actual PS) mandou a seguinte mensagem ao Merkosy: “Senhores, se voltarmos a ser governo por escolha soberana dos portugueses, não só meteremos o socialismo na gaveta, como desta vez termos em conta as mais elementares regras do neoliberalismo europeu. Venderemos os nossos princípios em nome da oposição responsável”! É isto o PS?
Acresce a tudo isto que o PS não devia ter alinhado na pressa da aprovação do Tratado, e nunca o deveria ter feito antes das eleições presidenciais francesas. Nelas joga-se, não só muito do futuro do socialismo e da social-democracia europeia, como até da própria Europa.
Mais uma vez António José Seguro teve entrada de leão e saída de cordeiro. Falou, falou … “agarrem-me se não eu …”, e zás: “Não concordo…, mas voto sim”. Lindo, lindo, grande coerência. Ah, é a oposição responsável. O que é isso?

1 comentário:

500 disse...

A pressa não se entende nem ninguém a explica. Os 'mercados'? Não me façam rir, que sou sisudo por natureza. Quanto ao voto do PS, bem, isso não é para minha cabeça.