sexta-feira, 26 de outubro de 2012

PRIVILÉGIOS

Nunca entendi por que razão algumas classes do funcionalismo público hão-de viajar de borla nos transportes públicos, isto é, nossos, salvo se em serviço, já que alguém vai ter que pagar. Adiante...
Ao que li ontem num jornal, as borlas nos transportes públicos de juízes e magistrados vão manter-se, parecendo que outras classes que gozavam do mesmo privilégio serão excluídas, sendo que a ministra terá pedido sigilo sobre tal privilégio.
Sobre o assunto transcrevo o post do blogue O Jumento, que merece o meu aplauso:

Se eu fosse magistrado sentiria uma imensa repugnância de mim próprio ao saber que há crianças a ir a pé para a escola por falta de dinheiro para o passe enquanto a ministra comprava os meus serviços oferecendo-me borlas nos transportes públicos. Sentiria nojo de ser um magistrado a quem cabe defender a legalidade e os valores constitucionais e ver que para mim havia um tratamento especial, que uma proposta de OE seria corrigido às escondidas dos olhos do grande púb,lico para que eu pudesse continuar a beneficiar de uma gorjeta miserável.



Mas como não sou magistrado e muito menos sindicalista não tenho de me envergonhar de ir a congressos de luxo patrocinados por bancos que estão a contas com a justiça ou de andar à borla em transportes públicos pagos com impostos de gente que ganha muito menos do que eu. É tão bom não ter bicos de papagaio!



Mas resta-me a revolta de ser cidadão de um país onde um sindicato de magistrados pede aos seus sócios para esconderem dos olhos do público que vão receber uma gorjeta do poder, gorjeta que será paga com os impostos de gente pobre a quem são cortados apoios sociais. Uma revolta que chega a ser vergonha de ser português, vergonha de viver num país onde todos os dias se viola o segredo de justiça ao mesmo tempo que os magistrados pedem segredo para coisas miseráveis como estas.



É triste ver gente que nem ganha assim tão mal e que estão entre os melhor remunerados do Estado estarem a receber às escondidas uns passes de borlas em transportes públicos, já não há fronteiras morais e a austeridade está a levar a um salve-se quem puder onde todos se atropelam.



Um nojo.



1 comentário:

500 disse...

Eu próprio faço um comentário ao post de O Jumento.
"onde todos se atropelam", não: onde os mais fortes atropelam os mais débeis, sejam eles mancos, cegos , mudos ou surdos, crianças ou velhos. Um nojo, de facto.