MEIO AMBIENTE
Gil Monteiro*
Estamos muito motivados pelo meio social que nos rodeia. As
notícias são, mais do que nunca, de caráter arrasador: pais matam filhos, ainda
bebés, descendentes familiares esfaqueiam-se, tiram a vida, mesmo aos avós ou
pais adotivos, que os criaram com carinho; motivados por uns míseros dinheiros
para compra de pó de cocaína! Deitam mortos-vivos aos poços, e ateiam fogo às
casas e carros roubados. As pseudo-lutas pela sobrevivência levam-os ao
suicídio. Mas, cada vez mais preocupante, é o ar de apodrecimento que nos
rodeia nas ruas. Os locais habitáveis, conspurcados e poluídos, vão no caminho
da extinção acelerada da vida humana – (?) Antes das emigrações
extraterrestres! Às máculas psicológicas juntam-se as degradações do meio
ambiente. Com o recuo dos glaciares, e milhões de toneladas de plásticos nos
mares, como iremos sobreviver?! Será possível voltar a ter uma sardinha assada,
entre duas fatias de broa?! O peixe e os mariscos de alguns restaurantes são de
aquários. As postas de salmão grelhadas são bem bonitas, e o paladar? Faltam os
aromas do mar aberto e rios onde devia saltar! Mas, vai-se comendo... Agora o
sável, que vi pescar às centenas, na Ribeira do Porto, nem o nome “cheira” as
listas dos bons restaurantes.
São as calamidades e, principalmente, as guerras que aguçam o
engenho. Foi numa fábrica de armamento que se descobriu os efeitos das
micro-ondas! A alta tecnologia de Portugal, com o sábio Pedro Nunes, permitia a
chegada à India, a chegada das especiarias baratas para condimentar os
alimentos, em especial as carnes de porco. As alheiras de Mirandela devem uma
pitada aos bravos marinheiros que chegaram ao Novo Mundo. Mais: nas descobertas
os navegantes eram maioritariamente de Trás-os-Montes e Minho – lembro Diogo
Cão e Fernão de Magalhães...
É preciso um grande esforço cultural
dos vários povos, curiosamente, os mais evoluídos, a fim de suster a catástrofe
de tornar o globo terrestre impróprio para a vida dos seres biológicos. As
transformações geológicas e climáticas levam milhões de anos para as mudanças
radicais, mas agora são mais rápidas, basta lembrar que nas guerras púnicas os
elefantes do norte de África eram animais de combate! As tribos indígenas
praticam regras de existência muito ecológicas. Nos povos das nações prósperas
existem tipos de poluição diferentes e dependem muito das indústrias e
armamentos. O Canadá, mercê da sua grande superfície e pouca população
(culturalmente escolhida) o que não devia ser autorizado, é o que mais respeita
e divulga os bons hábitos de conservação dos vários meios ambientes. Vi, em
Toronto, um cavalheiro novo a passear pela trela o seu bonito cão buldogue, em
encosta de terrenos descampados e relvados, tirar a trela para as correrias do
animal e, ao vê-lo parado, para as necessidades fisiológicas, pensei:
– Sorte! A relva vai
agradecer o estrume!
O cavalheiro trepou o canteiro e recolheu os excrementos! (A
observação tem mais de vinte anos).
No tempo em que havia campos de
cereais no Alto Douro, as caçadas às rolas e perdizes eram acontecimentos de
monta, os donos das quintas, a residirem na cidade do Porto, programavam as
ações cinegéticas. Ainda mal rompia a aurora, já as portas do armazém dos
vinhos finos velhos estavam abertas para o mata-bicho dos donos e amigos. O
almoço iria ter com eles ao monte combinado.
As caçadas podiam ser fracas, apesar
de caçadores locais “profissionalizados”, mas as comezainas eram abundantes e
excelentes. No final do piquenique, o Smith passava vistoria ao acampamento.
Tudo recolhido, mesmo os papéis de jornal, começava o regresso a cantar! Os
odores exalados chamariam outras perdizes, mas alto...
– Ó António, os ossos da galinha são para
enterrar, não para esconder nas giestas!
Porto, 27 de
agosto de 2014
* José Gil Correia Monteiro
jose.gcmonteiro@gmail.com
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