quarta-feira, 21 de julho de 2010

Voltaríamos às Misericórdias. O Povo não deixava

Apesar de tratar de coisas muito sérias, as propostas de alteração da Constituição que o PSD(?)/PPD lançou para a opinião pública, são tão alcançáveis quanto seria uma proposta de regresso à monarquia. Por isso não me apetece perder muito tempo a comentá-las. No entanto, no que à saúde diz respeito, pus-me a pensar: se voltássemos ao tempo em que o acesso aos serviços de saúde não era igual para todos, mas variava conforme os recursos financeiros de cada um, teríamos necessidade de voltar aos hospitais das santas casas das misericórdias para que os pobrezinhos pudessem ser tratados e, se fosse necessário interná-los com autorização das Câmaras Municipais. Para fazer face aos custos daí decorrentes, os tais hospitais voltariam a ter os quartos particulares para que os ricos e os beneficiários de sistemas particulares de saúde os utilizassem e daí resultasse algum lucro para os ditos hospitais. Voltaríamos aos cortejos de oferendas, onde à frente desfilavam os filhos, perdão, os meninos das pessoas bem lá da terra e ao fim lá apareciam os carros com as ofertas dos senhores comendadores. Que coisa bonita! ah! é claro que a mortalidade infantil aumentava e a esperança de vida diminuia. Mas só nas famílias pobres.
Era o regresso ao passado que eu já vi há mais de quarenta anos. Felizmente que tudo isso agora só pode ser ficção. O Povo não deixava!

1 comentário:

500 disse...

É isso, voltar aos cortejos de oferendas; cada aldeia a ver se era a que mais oferecia e tinha os carros mais bem engalanados. E o mordomo tinha a presidência da junta garantida nas "eleições" seguintes.