& PREPARAR O FUTURO &
Gil Monteiro*
Dá gosto ver as reportagens, via TV,
dos pais a levarem os futuros alunos à Escola, no dia do novo ano letivo. As
creches e os infantários estavam cheios de movimentos e de mimos. Não faltavam
os avós e os amigos. Já as instalações do ensino básico fechadas ou de pouco
agitadas. Os pupilos eram senhores desembaraçados, abrindo caminho aos mais
pequenotes e mostrando o conjunto dos edifícios aos familiares pouco instruídos,
mas de telemóvel na mão!
Os profissionais do ensino, empregados
de educação, educadores, mestres e outros encarregados, pouco se notavam.
Quando foi a vez de deixar, pela ocasião, o filhote mais novo, na linda vivenda
ajardinada a servir de infantário, o menino ficou a brincar e eu de coração a
sangrar, pois estava a ficar velho!!! Ainda não tenho hoje a coragem de ir à
abertura das aulas, mesmo de outros filhos ou netos.
Quanto mais estudos melhores empregos e
ocupações; mais alto nível de vida... Veja-se as novelas brasileiras: citadinos
evoluídos e os pobres da sanzala, ainda que tentem disfarçar a pobreza com
riquezas. Os idosos terão hipóteses de viverem confortáveis; casos os filhos
tenham bons empregos; e que sejam ajudados nas doenças?!
É bom ter netos e conviver com eles,
mesmo nas “apertadinhas”, obrigadas pelas dificuldades das ausências impeditivas
dos pais.
O ensino secundário tende a acabar?
Quando iremos ter bombeiros e agricultores com mestrados e doutoramentos? Já
vamos tendo alguns!
Os edifícios das escolas primárias e
secundárias descativados estão a ser usados como instalações de cultura e
lugares de abrigo para pobres desprotegidos. Até velhos ranchos folclóricos
passaram a ter um poiso certo e as bandas filarmónicas a manter abrigos onde tocar
e apitar mais fino, sem irritarem as pombas!
Na modesta aldeia transmontana o
terreno público de descascar e secar figos e amêndoas e até medronhos, e local
de lazer (jogos caseiros, trabalhos do linho: fiar e fazer bordados, em mesas
graníticas, água canalizada; assadores e outros apetrechos de folgas foram
transformados em local “citadino”. Foi uma alegria mas, agora, uma tristeza de
desleixo; nem crianças existem para uso dos baloiços! Obras bem delineadas, e
do melhor material, só serve hoje para lixo e abandono. As nogueiras abundantes,
de madeiras preciosas, foram vendidas! Estarão a servirem de maples, para ver
vídeos e bonecos animados, para os meninos das creches, nas suas casas,
sobradadas em pinho!? A um elemento da Junta de Freguesia, que deu uma mão
cheia de justificações para o abandalhamento, foi dizendo:
--- Os grelhadores e o micro-ondas estão guardados na casa nova da S.ª Professora,
por sua vez já despedida por falta de educandos. Vão aparecendo as escolinhas
de artes e ofícios: para a música e oficinas somos uns azes!
Nem tendeiros
ou compradores de materiais usados aparecem, mesmo de furgonetes ou ainda de
carroças de burras ou mulas. Fazem trabalhos agrícolas, quando o bater do
farrancho terminava!...
O bater do linho, e a apanha de amoras
nos silvedos dos muros idosos, ainda tem clientes. É preciso voltar a povoar os
locais da aldeia com novas remessas de galegos ou palestinianos e norte
africanos, aquém serão fornecidos palmos de terra. Não é vender Portugal é
fornecer trabalho e matar a fome aos famintos!
Os poucos alunos entrados nas
faculdades ou politécnicos não voltam às versas, preferem emigrar indo, caso
seja necessário, para a agropecuária velha!
Temos que pedir ao anjo-custódio, a força
da vida vai faltando, e o caminho é curto... , O seguinte:
A nossa lâmpada mágica vai ser
orientada, na galáxia; ter umas pequenas Intermitências da forte luz perpétua,
servir na Terra como de anjo do Céu!
Porto, 14 de
setembro de 2018
*José Gil
Correia Monteiro
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