domingo, 21 de agosto de 2016

MEMÓRIAS

Neste dia, em 1986, morre Alexandre O'Neill, poeta português



Auto-Retrato

O'Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O'Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
    Mas sofre de ternura, bebe de mais e ri-se
    do que neste soneto sobre si mesmo disse...

5 comentários:

Janita disse...

Não posso dizer que tudo o que já li de O'Neill me encheu as medidas, mas, de um modo geral, gosto bastante da sua poesia.
Este poema, não conhecia.
Fez-me lembrar o Manel Maria que, num dia em que se achou mais pachorrento, se denominou de :
Magro, olhos azuis, carão moreno…
Lembra-se disso, o José? :))

Sabe? Ando a ler, e gostar muito, os textos de Gil Monteiro, aqui publicados.
Não fora estarem eles incluídos nos «Contributos Externos», diria que são da autoria do José.
Porquê? Pois, não sei!! Intuição e correlação...;))

Um beijinho!

500 disse...

Como é sabido (?), não sou muito dado a poesia, mas gosto do O'Neill e também do Manuel Maria. Os poemas é que alude têm alguma semelhança temática.
Errou. O Zé Gil Monteiro é um velho amigo, companheiro de liceu, que já foi mais assíduo aqui.
Bj.

500 disse...

"..a que alude" e não "...é que alude". Sorry.

Janita disse...

Até parece impossível, não ser dado a poesia, com uma grande e talentosa Poetisa em casa...
Já foi, de novo, para a sombrinha descansar?

Beijinhos.

500 disse...

Muito agradecido pelo elogio à poetisa.
Vou fazer um intervalo, sim.
Beijinhos