sábado, 20 de agosto de 2016

CONTRIBUTOS EXTERNOS


 – A L P E R C E S –

                                                                        Gil Monteiro*

Os damascos, também chamados alperces, alperches ou albricoques são drupas bonitas e muito saborosas. São muito parecidos com os pêssegos de abrir da região duriense, dos quais se faziam, secando ao sol em tabuleiros, os frutos abertos e sem caroços. Eram, e ainda vão aparecendo, as orelhas de pêssego! No Douro, não há, o que é pena, um cultivo intensivo de damascos. Já no centro – sul existe com sucesso.
Quando frequentei a Escola Primária de Provesende deliciava-me comer fava-rica, comprada no “shopping tem tudo”, da S.ª Elvirinha. Trincar a fava torrada era um prazer. Por vezes até as sementinhas iam para o estômago! Estando no Algarve não posso falhar às feiras dos frutos secos, e peço sempre fava-rica. Eis a resposta: “Não temos”! Devia ter metido dó a um expositor que tinha umas favas como ornamentos de outros frutos, tirou-as e ofereceu-as!
 – No faço “questão”! Agradeci, e matei a gulodice!
Temos um território privilegiado para a produção de frutas e legumes. Veja-se apenas os frutos das peras e abacates obtidos nos quintais da cidade do Porto, para não ter de nomear as bananeiras dos vales “apertados” do Douro. Se fomos os primeiros a introduzir, com Garcia da Orta, médico enciclopédico, as plantas orientais na Europa, e traçamos a primeira região demarcada do vinho do Porto; devíamos já ter as regiões estruturadas das frutas. A produção dos mirtilos o indica, e não os grandes Centros Comerciais a rotularem as vendas das “suas” propriedades! Só o Alqueva, em pleno funcionamento, dava renovos para Portugal e Europa!




Tive o prazer (na tropa é uma aberração) de dar instrução, com um 2º Sargento, um pelotão de 60 soldados. Para motivar a aprendizagem o quartel de Torres Novas dava 3 fins-de-semana, à sexta, aos mais aplicados do pelotão. E o meu Zé Luís?! Era uma paz d´alma, simpático, bom colega, Mas, um antimilitar, tentando cumprir...  Era um filho único de pais tardios e agricultores. Nunca devia ser apurado para a tropa, mais em ano de guerra! Que prémio podia conquistar?! A simpatia de todos!
Pois bem: – Foi deliberado, por unanimidade, oferecer um fim-de-semana especial ao Zé Luís. Iria dizer que teve palmas e aclamação!
Ainda na estação da CP, manhã em arrebol no Entroncamento, esperava a camioneta para Torres Novas, Entre as saudações da 2ª feira, ouvia: – Já viu o Zé Luís?!
Na “aula” de ginástica das sete, quase noite, vejo o nosso amigo comprometido:
Regressava com um miminho de alperces para oficial, e ao ter uma boleia de tenente mais graduado, ofereceu-lhe a cestinha!...


Porto, 21 de junho de 2016
                                                                      *José Gil Correia Monteiro
                                           

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