sexta-feira, 24 de junho de 2016

CONTRIBUTOS EXTERNOS

Um computador que é um susto

Por Antunes Ferreira
Depois do Japão ter atacado e quase destruído Pearl Harbor os americanos passaram a apelidar o país do Sol Nascente como o perigo amarelo. Derrotando as forças armadas de Tóquio com o lançamento de duas bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagazaki, os Estados Unidos (que usaram pela primeira vez a arma nuclear) deixaram de usar a expressão pois tinham eliminado o tal perigo amarelo. Washington não contava com o milagre japonês. Foi um dislate lamentável.
Se voltarmos uns bons anos atrás veremos que o criador do anátema foi Guilherme II, imperador da Alemanha que se referia à China o que deu origem a mitos diversos e alimentou milhares de páginas de jornais e livros sensacionalistas em busca do aumento de tiragem para sobrevirem. Já no século XX o perigo amarelo com que os EUA apelidavam em chacota os japoneses mudou-se com armas (financeiras) e bagagens (económicas) para Beijing.
Veio agora à estacada a notícia de o Império do Centro criou um  supercomputador capaz de realizar 93 quadrilhões , (ou seja 93 milhões de milhões de milhões de milhões na nossa língua) de operações de cálculo por segundo, de longe o mais rápido do mundo. É o novo trunfo da tecnologia chinesa. E é também um verdadeiro susto. Por isso Barack Obama tentou, em vão, impedi-lo de conhecer a luz do dia, quando em Abril do ano passado proibiu a exportação de processadores de alto desempenho para o rival asiático. Falhou.
Para o Mundo inteiro este é o resultado do gigantesco desenvolvimento da ciência, da técnica e da tecnologia da República Popular da China. De resto e noutra dimensão quem acreditaria que Beijing ia revolucionar o planeta em pouco mais de vinte anos? Mas foi capaz de o fazer, ponto. Mesmo aqui em Portugal se olharmos para os investimentos chineses só não abrimos a boca porque ou entra mosca ou sai asneira. Desde a Saúde até à Energia vai um passo acelerado que ninguém pode ignorar.
Aliás em quantas ruas de quantas cidades, vilas e aldeias do nosso país se encontram as lojas e os restaurantes chineses? Que trabalham sete dias por semana e praticam preços que a concorrência lusa não pode bater? Resumindo e concluindo: são inúmeros. Mas estas e estes serão apenas peanuts? Serão; mas são apenas a ponta do iceberg que significa que  as nossas finanças e a nossa economia já não estão apenas nas mãos de Bruxelas. O perigo amarelo também conta. E de que maneira.
A decisão do Ministério do Comércio norte-americano, ou seja de Barak Obama visava impedir o desenvolvimento destas máquinas na China, com a justificação de estarem a ser "usadas em atividades nucleares explosivas". Mas, segundo os seus criadores, o Sunway TaihuLight - assim se chama o supercomputador - servirá antes para investigar as ciências da vida, melhorar a análise de dados e a produção de algumas fábricas, assim como aprimorar a previsão do estado do tempo. No entanto também é considerado um instrumento ideal, essencial e indispensável para a segurança nacional em ambos os países.  Além de poderem contribuir para os programas nucleares, permitem uma maior eficácia em matéria de ciber-segurança, um "campo de batalha" que gera cada vez mais preocupações.

O chamado perigo amarelo já abandonou a ficção. Além dos Estados Unidos, este híper computador não pode ser escamoteado nem ignorado por uma Europa velha e alquebrada que alega ter uma União quando a realidade é que tem uma (des)União. Entretanto cá vamos protagonizando ou só assistido ao folhetim - desgraçado e perigoso para muita “boa” gente - da Caixa Geral de Depósitos a que o falecido José Hermano Saraiva sempre chamava dos Depósitos. Somos realmente uns gajos porreiros, pá…

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