O concílio do 
Coliseu
por BAPTISTA 
BASTOS
DN Hoje
Levanta-te, e caminha"- disse o Rabi a Lázaro; e este 
levantou-se, impulsionado pela força divina. Milagre! Milagre!, exclamaram os 
que ao facto assistiram." A parábola da Ressurreição, ou do Ressurrecto 
sobreveio-me à memória, quando assisti a um morto, não só político, mas 
sobretudo moral, emergir do mundo das trevas. Foi no congresso do PSD, quando 
Pedro Passos Coelho fez ressurgir Miguel Relvas das tumbas da calamidade para 
ocupar um lugar importante da direcção do partido. Entre a perplexidade e a 
repulsa, os sentimentos dos circunstantes dividiam-se. Mas a notícia não deixou 
de ser escabrosa. O título académico de "doutor", "dr." Miguel Relvas, voltou a 
circular entre as afirmações dos dirigentes mais importantes do PSD, como se a 
ressuscitação da criatura reabilitasse a própria mentira.
Passos Coelho é um homem em constante sobressalto, tomado de 
pequenas angústias quotidianas. A necessidade de se impor provém das pessoais 
inseguranças. E a reabilitação de Relvas, assim como a expulsão de António 
Capucho, possui, somente, um significado: quero, posso e mando. Não é novidade. 
O que ele tem feito ao País é a injunção de ideias confusas, desordenadas, que 
pertencem a outros e que ele mistura no almofariz de uma certa 
perversidade.
Disse, no congresso, de que estamos melhor do que há dois 
anos. Mentira. E mentira desaforada. Também disse que o PSD nunca se afastou da 
"matriz" social-democrata. Mentira e ignorância. Nem nos seus melhores tempos o 
PSD foi, alguma vez, social-democrata. Aliás, a mentira e a ignorância 
tornaram-se razões no discurso dele e dos seus.
Passos Coelho pertence à geração da insignificância que 
povoou a Europa de fatuidades, por ausência de cultura política e geral, e por 
cansaço e desistência de quem tinha a obrigação de defender e de desenvolver os 
testamentos legados. Não é só ele. Marcelo Rebelo de Sousa é outro, acaso mais 
responsável porque lê, pelo menos é o que se diz. 
Ele foi o bobo da festa, no conclave do Coliseu. Tem a tineta 
de açambarcar os holofotes, e quando viu que a ocasião era propícia, saltou para 
o tablado e fez rebolar de riso os circunstantes. Passos concedeu-lhe a esmola 
de um escasso sorriso, enquanto a barriga do ministro Miguel Macedo saltava de 
gozo e satisfação, por igual insanos.
O congresso do PSD para nada serviu, a não ser o de 
congregar, para as televisões e para o retrato de grupo, alguns "notáveis" 
desavindos, e demonstrar a falta de carácter de outros, fingidamente esquecidos 
das afrontas de que têm sido alvo, por Passos Coelho. Ele é que quer, pode e 
manda. Tem-no comprovado com minuciosa implacabilidade e extrema frieza. Já o 
disse e escrevi: este homem é muito perigoso.
 
1 comentário:
mesmo muito perigoso, é que nem ele percebe o alcance das suas atitudes...
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