Todos
nos lembramos de Passos Coelho, enquanto líder do PPD na Oposição, justificar o
voto contra do seu partido no PEC IV, dizendo que aquele plano de estabilidade
e crescimento, posto em prática, ia agravar a vida dos portugueses de forma inaceitável.
Chumbado o documento, que José Sócrates tinha concertado com alguns líderes
europeus, o então primeiro-ministro concluiu que não tinha condições para continuar
a governar, até porque o Presidente da República estava a “empurrá-lo”. Depois,
durante a campanha eleitoral Passos Coelho fartou-se de dizer que, conhecendo
bem a situação, tinha as soluções para resolver o problema. E, ironia das
ironias, chegou ao desplante de, questionado por uma jovem cidadã se seria
verdade a notícia que falava na hipótese de cortes nos subsídios de férias e de
Natal, responder: “isso é um disparate”!
Já
primeiro-ministro, Passos Coelho fartou-se de elogiar o memorando assinado com
a Troika, chegando a referir que tal documento estava perfeitamente de acordo
com o seu programa de governo, entretanto aceite pelo Parlamento. Mais; Passos Coelho
disse que, em termos de medidas a tomar, era preciso ir para lá das do
memorando. Ou seja, era preciso ser “mais troikista que a Troika”.
Sucedem-se,
então, as chamadas avaliações: a primeira, a segunda, a terceira, etc. Em todas
elas o resultado é o mesmo: avaliação positiva; estamos a cumprir o programa;
estamos no bom caminho. E isto, apesar dos partidos da Oposição e de várias
entidades e personalidades com relevo na área económico-financeira preconizarem
o contrário. Mas em vão. O Governo e a Troika “fazem orelhas moucas”. Chega a
sétima avaliação, considerada importantíssima, e o resultado…, não podia ser
pior: o défice completamente descontrolado, a dívida pública a aumentar cada
vez mais, a recessão económica e o desemprego sempre a subir. Um desastre.
Reconhecido, até, por muita gente da área dos partidos do poder.
Pois
bem, aparecem agora figuras (ou melhor, figurões) do PPD a dizer que o problema
está no facto de o memorando ter sido mal negociado. Então, andaram quase dois
anos a elogiá-lo, a dizer que nada os faria desviar dos caminhos nele
apontados, e agora descobrem-lhe defeitos? Estes gajos (não merecem outro nome)
são uns safados!
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