quarta-feira, 25 de maio de 2011

Radicalismo sem limites

O Presidente da República, os ex-presidentes e algumas personalidades que têm ou já tiveram grandes responsabilidades na vida política portuguesa fizeram um apelo no sentido de os partidos políticos, sobretudo aqueles que assinaram o acordo de ajuda externa com a troika, não enveredarem por campanhas eleitorais com radicalismos sem limites, insultos e acusações, pois é necessário que se entendam, após as eleições, para que quem governe consiga pôr em prática as medidas acordadas.

Pois bem, fazendo "orelhas moucas" da recomendação do Presidente e das outras personalidades, o PPD serve-se na sua campanha eleitoral de um radicalismo sem limites, para combater os seus adversários, sobretudo o PS e José Sócrates. Para lá de lhe chamarem mentiroso e desonesto, o que não o ofende só a ele, mas também ao partido e aos seus militantes que o elegeram líder, têm-no comparado a figuras sinistras da História, como Hitler (por Eduardo Catroga), Saddam Hussein (por Morais Sarmento) e até a Drácula (por José Luís Arnaut).

É quase uma certeza que nenhum partido terá maioria absoluta e que, por isso, será necessário que se formem coligações e que se façam muitos acordos no Parlamento. Quer dizer, PS e PPD vão ter necessidade de se sentarem muitas vezes à mesma mesma. E eu pergunto: Como? Diz o povo que "quem não se sente não é filho de boa gente". Ora com que paz de espírito o PS se vai sentar em frente de quem tanto o ofendeu, mesmo que, no caso de não vencer as eleições, Sócrates já não seja o seu líder? Por causa desta ganância irresponsável pelo poder, o PPD não vai ter condições de se entender com os outros partidos, que não só com o PS.

2 comentários:

António Conceição disse...

Os apelos do Presidente da República são, evidentemente, grotescas patetices. Os apelos à União Nacional dos instalados do regime são a última coisa que o país precisa. A hora é de definições claras e de separação das águas. Não é de falsos e inúteis consensos.
Ignoro se chamar mentiroso e desonesto a José Sócrates ofende ou não alguém. Sei apenas que é chamar mentiroso a um mentiroso e que, pelo menos intelectualmente, é chamar desonesto a um desonesto. Se isso ofende os militantes do PS, tanto melhor. A hora é de clareza.
Não serei eu que me ofenderei se, em resposta chamar nulo desonesto a Passos Coelho. Basta a forma como o cavalheiro fez oposição a Manuela Ferreira Leite (na altura, com o aplauso entusiasmado e reconhecido de Sócrates) para se perceber que não é figura recomendável para se ser visto a tomar café com ele, quanto mais para ser primeiro-ministro.

500 disse...

4-pereiró, V. acredita que alguém liga ao que diz Cavaco? E ele quer um governo de coligação para quê? Para acabar na 2.ª ou 3.ª reunião do Conselho de Ministros? E com que partidos/dirigentes? É certo que um governo minoritário terá muita dificuldade em governar, mas prefiro essa alternativa, desde que haja um acordo 'mínimo' ao nível a AR.