quarta-feira, 9 de março de 2011

O discurso

Cavaco Silva tomou hoje posse para um segundo mandato do cargo de Presidente da República. Havia uma certa expectativa relativamente ao conteúdo do discurso de posse. E Cavaco Silva não frustou essas epectativas. Fez um discurso de completa ruptura com o Governo e, sobretudo, com o PS. Acabou o discurso com uma descarada colagem aos jovens, por quem nada fez durante os dez anos em que foi primeiro-ministro (ah! fez, fez ..., mandava-lhes a polícia de choque), dirigindo-lhes um vibrante apelo para que se façam ouvir. Isto a três dias de uma manifestação do movimento que se denomina como Geração à Rasca. Será que o Presidente leu bem o manifesto da manifestação? E está de acordo com ele? Era bom que, sem os equívocos do costume, nos desse a conhecer a sua posição. Perante este discurso, nada pode continuar como até aqui. Não vejo qualquer possibilidade de cooperação, seja ela estratégica ou outra.
Após o discurso reflecti um pouco e interroguei-me: Mas, este senhor não foi governante doze anos, sendo que em dez deles foi primeiro-ministro? Não foi nos governos dele que Portugal recebeu milhões de euros (na altura escudos ou contos) por dia, sem que se vissem as tais mudanças estruturais de que agora fala? Pelo contrário, o tecido produtivo não foi destruído nessa altura? Não foi Presidente da República nos últimos cinco anos? Então, também não é culpado do estado do país? Nem vale a pena responder.
Já foi o Presidente eleito com menos votos do povo portugês. Na sua reeleição bateu-se o record de abstenção em eleições presidenciais. Agora passou a ser o Presidente de alguns portugueses. Se tiver a coragem de que se arroga, só lhe resta uma solução: Amanhã mesmo reúne o Conselho de Estado, dissolve a Assembleia da República e marca eleições legislstivas antecipadas. Isso é que era de homem!

2 comentários:

António Conceição disse...

Concordo com tudo. O que raio mudou nos últimos tempos para que este discurso fosse proferido ontem e não em Setembro passado? Nada. A não ser o facto de Aníbal Silva precisar naquela altura de ser reeleito. Tudo no homenzinho
é táctico e pequenino.

500 disse...

Escrevi mais acima: Cavaco tem que retirar consequência do que pensa e que comunicou ao país, no seu discurso; de outro modo é criar ainda mais dificuldades ao governo em exercício. Não é possível manter este estado de coisas por muito tempo.