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Neste dia, em 1923, morre [Abílio Manuel] Guerra Junqueiro, diplomata, escritor e poeta português
Morena
Não negues, confessaQue tens certa pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena.
Pois eu não gostava,
Parece-me a mim,
De ver o teu rosto
Da cor do jasmim.
Eu não… mas enfim
É fraca a razão,
Pois pouco te importa
Que eu goste ou que não.
Mas olha as violetas
Que, sendo umas pretas,
O cheiro que têm!
Vê lá que seria,
Se Deus as fizesse
Morenas também!
Tu és a mais rara
De todas as rosas;
E as coisas mais raras
São mais preciosas.
Há rosas dobradas
E há-as singelas;
Mas são todas elas
Azuis, amarelas,
De cor de açucenas,
De muita outra cor;
Mas rosas morenas,
Só tu, linda flor.
E olha que foram
Morenas e bem
As moças mais lindas
De Jerusalém.
E a Virgem Maria
Não sei… mas seria
Morena também.
Moreno era Cristo.
Vê lá depois disto
Se ainda tens pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena!
6 comentários:
Como hei-de ser um Petrarca,
Cantar como um rouxinol,
Se o meu termómetro marca
Quarenta e dois graus ao sol!
Da lira bárbara e tosca
Nem saem trovas d'Alfama.
Enxota o Pégaso a mosca,
E eu durmo a sesta na cama.
A hipocondria maciça
Conduzo-a, não há remédio,
Na jumenta da preguiça
Pelas charnecas do tédio.
Eu trago a inspiração oca,
Ando abatido, ando mono;
Meus versos abrem a boca,
Como os porteiros com sono.
Não tenho a rima imprevista,
Os guizos d'oiro ou de opala,
Que à asa da estrofe o artista
Sublime prende ao largá-la.
P'ra lapidar à vontade
Um belo verso radiante,
Falta-me a tenacidade,
Que é como o pó do diamante.
A musa foi-se-me embora;
Para onde foi nem me lembro;
Só a torno a ver agora
Lá para os fins de Setembro.
Anda talvez nas florestas
Fazendo orgias pagãs,
Entre os aromas das giestas
E os braços dos Egipãs.
Deixá-la andar lá dois meses
Colhendo imagens e flores,
Para espanto dos burgueses
E ruína dos editores.
Enfim, o calor achata-nos.
Vamos aos bosques pacíficos
Onde os guarda-sóis — os plátanos —
Têm forros novos, magníficos!
Carta ( a um amigo que me pediu versos)
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Gostei muito da sua escolha do poema, para homenagear o Escritor/Poeta, meu preferido.
Ah...os versos acima são de Junqueiro do seu "A Musa em Férias".
Esse poema não conhecia, como muitos outros, é evidente.
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Não me diga!, às vezes acerto.
Esclarecendo: não conhecia o poema por si postado; o por mim publicado, sim, já o conhecia há muito.
Veja só: A virgem Maria, Jesus e também São José e Santa Ana deviam ser, de facto, todos morenos. E quem não quer ser moreno não lhe veste a pele...
bjis.
Que raio de conversa vem a ser essa?
Por acaso conhece alguém que veste a pele 'moreno' e não a assume?
Eu não! Tenho muito, mas muito orgulho no meu apelido: "Moreno",
o que não gosto é do meu nome próprio...
Vejo que, para além de comer demasiado queijo, mete os pés pelas mãos...confundindo tudo.
Com amigos assim quem precisa de inimigos?
Aprecio queijo, é verdade, mas não é por isso que, alegadamente, meto os pés pelas mãos. Trata-se aqui de um quid pro quo, para mim desagradável.
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