sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

CONTRIBUTOS EXTERNOS

Malditos números económicos

Por Antunes Ferreira


Quando o actual (des)Governo anunciava que tudo ia correndo no nosso país sobre esferas cada vez mais oleadas, aparece um desmancha-prazeres a dizer que não é bem assim, antes pelo contrário. E, para cúmulo, o autor do “crime” é o mesmo e fá-lo há algum tempo. Antevejo que para Coelhos & Portas trata-se de minudências ocasionais, sem significado para a conjuntura que é sólida; mas, noutro registo, ela também assim era: os dois “actores” e o “compère” Cavaco garantiram a solidez do BES e foi o que se viu
Uma vez mais transcrevo notícia publicada na comunicação social, contrariando alguns que me lêem – e sem veleidades retóricas - ainda são bastantes. Tenho sido acusado de recorrer em demasia ao que se escreve e diz na maioria dos órgãos, em detrimento da exposição da minha opinião pessoal. No entanto, creio que citar as fontes possíveis e as que considero melhores é procedimento de que me não envergonho e que por isso julgo ter cabimento. Cito, pois, os dados divulgados pelo Banco de Portugal.
“A actividade económica em Portugal voltou a cair em Dezembro, descendo 0,9% em termos homólogos e mantendo-se em terreno negativo pelo quinto mês consecutivo, segundo indicadores divulgados hoje pelo Banco de Portugal (BdP).
De acordo com os Indicadores de Conjuntura hoje (sexta-feira) revelados pelo banco central, este valor é semelhante à descida registada em Novembro, mas a actividade económica vinha a desacelerar desde Janeiro, quando o indicador ainda estava em terreno positivo, fixando-se nos 1,1% de evolução favorável.
Em Agosto o indicador virou a tendência e passou para o negativo, então para -0,2%.
Os indicadores hoje divulgados dão conta também de uma ligeira diminuição no consumo privado, com o indicador coincidente a fixar-se nos 1,2% em Dezembro, contra os 1,5% do valor registado em Novembro.
No que se refere ao sentimento económico este sofreu uma ténue evolução positiva, de 102,3 pontos para 102,4 pontos(fim de citação)
Ora bem. No dia anterior, ainda que de forma rebuscada Luís Marques Mendes, a propósito da falta de aplicação do “estatuto remuneratório igual” veio informar no final do Conselho de Ministros que o “mais alto magistrado da Nação” (a expressão que aqui uso não e a do (des)governante, é minha ainda recordando amargamente os tempos salazarentos…Mas, pelo andar da carruagem…) ainda não o promulgara. Sejamos claros: o (des)Governo, que é bom, sacode a água do capote para cima do utente do palácio de Belém. Pelos vistos não é o só o Banco de Portugal que é um desmancha-prazeres; Cavaco também o é.
De supetão ocorre-me a famosa afirmação de C. Silva quando primeiro-ministro, a propósito da actuação do Tribunal de Contas então presidido por Sousa Franco: “força de bloqueio”. Na altura, eu trabalhava lá e posso dizer, sem receio de desmentidos, que a coisa foi recebida com bastantes sorrisos de comiseração e desdém. E o Presidente do tribunal não aparentou ter-se incomodado muito. Tão próximo como eu era dele, posso ainda garantir que foi assim.
Porém, voltando aos indicados de Conjuntura, reitero que não sou economista muito menos fiscalista, mas confesso que aprendi disso o q.b. com a minha passagem pela Faculdade pelo TdeC e pelo Ministério das Finanças. Donde, creio que a opinião que tenho não é de todo despicienda. Mas, tenho de acrescentar que a linguagem usada pelos especialistas destes dois ramos é normalmente um tanto hermética, (há, até, quem diga que é cabalística, mas não se deve ir tão longe…) logo difícil de compreender pelo cidadão comum.
Não é, felizmente, o caso. Os dados divulgados pelo Banco de Portugal são lineares – porque são numéricos e as percentagens que deles decorrem logicamente também o são. A não ser assim, poder-se-ia afirmar em tom popular que “a lógica é uma batata” e a ”a Economia é um saco de gatos… Um ano tem 12 meses, de acordo com o calendário por que nos regemos, isto é o gregoriano. E a ordem dos meses ´”curiosamente” sempre a mesma; o que quer dizer (mero exemplo…) que a Novembro segue-se Dezembro e logo surge Janeiro e por aí fora num círculo ininterrupto.
Portanto não é difícil fazer-se comparações entre os mesmos meses de anos diferentes partindo-se do mesmo princípio: a 2013 segue-se…2014 e a este… 2015. Ultrapassado este período humorístico, aliás digno do Monsieur de La Fontaine, é de fácil interpretação o divulgado pelo BdP: cinco meses consecutivos dos valores da actividade económica sempre em terreno negativo têm vindo a decair face aos números de 2013. Naturalmente em comparação com os homólogos de há dois anos. Mais uma mentira da “dupla maravilhosa” que chefia o (des)Governo, seguida pari passu pelo suposto PR. Os três heróis da fantasia referem-se indubitavelmente ao crescimento da Economia. Para isso (e desta feita segundo o Amigo Banana) teria de aumentar a actividade económica - e maldita diminui. Já não se pode confiar em nada. E nem em ninguém…






1 comentário:

maceta disse...

como se confirma Portugal está no seu melhor...