sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CAMPANHA ELEITORAL

A campanha eleitoral, oficial, nas tvs, chega cedinho: decorrerá na época natalícia, a mais indicada para a função. Enquanto se mastiga uma fatia de bolo-rei ou uma rabanada, dá-se uma olhadela para o écran e abanamos a cabeça em sinal de assentimento com as posições assumidas pelos candidatos nas suas elequentes e cristalinas frases. Também espero que os entrevistadores não façam perguntas embaraçosas aos candidatos (género mais-valias para-bolsísticas, escutas de qualquer espécie ou sobre a saúde de amigos não-presentes), dada a quadra que atravessamos em que é suposto sermos urbanos e delicados para com o próximo.
Receio, contudo, que no dia do voto, bastante tempo depois, já tenhamos esquecido tudo o que disseram. Acho (estamos no país do achismo, dizem) que no chamado dia de reflexão as tvs deveriam passar uns compactos, equitativamente distribuidos, para que pudéssemos relembrar (e, quiçá, gravar, para voltarmos a ouvir antes de ir depositar o papel na urna), no sentido de estarmos minimamente cientes da justeza da esolha do quadradinho onde vamos pôr a cruzinha. Estão proibidos os votos em branco e nulos e nestes últimos não devemos escrever qualquer insulto a qualquer dos candidatos; o Sócrates não é para aqui chamado, bem entendido. Ele não é, para já, candidato à função.

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