Depois do discurso de Natal do Papa Francisco, os cardeais, bispos, monsenhores e demais dignitários presentes não ficaram com as orelhas a ferver? Que me apercebesse, apenas um cardeal tentou timidamente aplaudir o discurso.
Um dia destes vamos ser surpreendidos com uma indisposição fatal ou com uma queda inopinada mortal de Francisco...
Francisco que se cuide.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
domingo, 21 de dezembro de 2014
sábado, 20 de dezembro de 2014
ANTUNES FERREIRA


Fotos da apresentação , no Porto, do livro do Henrique Antunes Ferreira, "Crónicas das Minhas Teclas", que vale a pena ler
LIDO
OPINIÃO
"Só vejo aldrabões à nossa volta"
O processo dos submarinos pode não permitir a criminalização dos responsáveis, mas não pode deixar de exigir que pelo menos se puna quem permitiu os desmandos que estão patentes na frase dos Espírito Santo.
A frase foi dita por Ricardo Salgado numa reunião “familiar” para distribuir os despojos do negócio dos submarinos. A audição das gravações dessa reunião, que a TVI tornou possível, apesar da ameaça de processos, permitiu-nos ouvir os representantes dos diferentes clãs da família Espírito Santo a fazerem essa distribuição ao vivo. Salgado fala com uma voz pausada e de autoridade, os outros fazem perguntas concretas sobre a parte que lhes coube. Com a maior das calmas, sem sequer qualquer visível entusiasmo pelo que cada um ia receber — um milhão de euros, que deixariam qualquer mortal feliz —, percebe-se como era habitual lidarem com milhões e milhões, os que eram deles e os que não eram.
Só queriam explicações sobre por que é que não era mais, sabendo que outros tinham ficado pelo caminho, nos intermediários de baixo e no “alguém” que não é nomeado. A voz da ganância perguntava: “como é que aqueles três tipos receberam 15 milhões” e eles só cinco? Quando as perguntas começaram a querer ir mais longe, Salgado manda que não "[remexessem] mais no assunto”.
E saindo dali, da sala sumptuosa de madeiras vagamente cheirando a fragâncias naturais, o que é da natureza das boas madeiras, do couro nobre das cadeiras, dos cristais dos copos de água e dos quadros naturalistas nas paredes, dedicaram-se à esforçada tarefa de manter o seu milhão bem longe dos impostos fora de Portugal, e só o “importaram” quando o Governo permitiu o chamado "Regime Excepcional de Regularização Tributária" (RERT). O dinheiro, algum dinheiro, voltou, e foi um segundo excelente negócio, visto que pela fuga ao fisco pagaram menos impostos do que todos nós pagamos. Menos? Muito menos. Este regime do RERT foi um excepcional presente governamental para os Espírito Santo e para todos os que estiveram envolvidos nestes negócios.
De onde veio o dinheiro? Do bolso dos portugueses, os tais que estavam a “viver acima das suas posses” e que o pagaram quando compraram os submarinos mais caros devido ao rastro de corrupção que eles deixaram atrás. Sabem quando estas frases foram ditas? Há um ano, em Novembro de 2013, estavam os portugueses no seu quinto ano de empobrecimento.
A frase, pausada e grave de Ricardo Salgado merece ser ouvida na sua integralidade, visto que ela representa para todos nós uma vergonha colectiva pela impunidade dos nomeados – o autor da frase, os recebedores dos milhões, os “tipos” que ficaram com os 15 milhões, e o “alguém” – nesta semana em que o processo dos submarinos foi arquivado:
“E vocês têm todo o direito de perguntar: mas como é que aqueles três tipos receberam 15 milhões? A informação que temos é que há uma parte que não é para eles. Não sei se é ou não é. Como hoje em dia só vejo aldrabões à nossa volta... Os tipos garantem que há uma parte que teve de ser entregue a alguém em determinado dia.”
Sim, os distintos membros do conselho superior do GES, tinham todo o “direito de perguntar” como é que “aqueles três tipos” receberam o que receberam, como nós temos todo o direito de perguntar como é que, com o arquivamento da investigação judicial, todos ficaram impunes dos seus crimes, porque estes “prescreveram”. Mas, mesmo que não seja possível perseguir na Justiça esses crimes, que estão escritos a néon nos céus de Portugal na frase de Ricardo Salgado, será que não é possível outro tipo de sanções?
Não é preciso ir mais longe do que ler o despacho de arquivamento do Ministério Público, para que se compreenda que em termos de responsabilidade, em particular de responsabilidade política, as investigações apontaram para ilegalidades, mesmo que precisem que a “prática de ilegalidade não tem, necessariamente, de configurar a prática de crime”. Muito bem, deixemos de falar em crime, passemos a falar de responsabilidades, porque, se o crime já não pode ser perseguido, pelo menos podemos exigir que um governo e políticos decentes exijam uma sanção pelas responsabilidades, por aquilo que custou muitos milhões aos portugueses.
Aliás, se há matéria que, se os portugueses conhecessem em detalhe, ainda endureceriam muito mais a sua crítica aos desmandos do poder, é a longa saga das compras de material militar e das chamadas “contrapartidas”, um dos negócios mais fraudulentos das últimas décadas. Juntem-no, se fazem favor, às PPP, porque são da mesma natureza: contratos leoninos, com cláusulas ficcionais, que estavam lá para aumentar o preço a pagar pelo Estado por aquilo que comprava e que ninguém contava vir a cumprir.
A coisa era tão escandalosa e o terreno tão pantanoso que mesmo os distintos membros do conselho superior do GES são aconselhados por Ricardo Salgado a não se meterem nestes negócios, “porque eles estavam-se a preparar para fazer o mesmo com carros blindados”. E na sala ouviu-se “e em metralhadoras e fragatas”. Quem conheça as encomendas previstas de material militar da última década, sabe muito bem do que eles estavam a falar.
Público de hoje
Público de hoje
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
COMOVENTE
Cavaco pede que valores do Natal se prolonguem o ano inteiro
Imagem do vídeoFotografia © DR
O Presidente da República pediu hoje aos portugueses que vão mais longe na celebração do Natal e tornem permanentes valores como a concórdia e a solidariedade, dando especial atenção "aos mais frágeis e vulneráveis" o ano inteiro.
DN online
Comoventes, estas mensagens do Venerável Chefe de Estado e de sua mulher
CONTRIBUTOS EXTERNOS
O país dos quatro Fs
Por Antunes Ferreira
Em quadra festiva não vou falar do caso BES, de Sócrates,
dos submarinos arquivados, da renovação da dívida, nem dessa pequenas coisas
que, na verdade, não passam de peanuts. Hoje, antes que me esqueça, tenho
obrigatoriamente de desejar a todos os que (ainda) me lêem um Feliz (???) Natal
e um Ano Novo muito próspero (???) Recordam-se, certamente, que era a fórmula
usada pelos carteiros, guardas-nocturnos, lavadores de rua e outros, na
esperança de que os felizes contemplados lhes retribuíssem com umas c’roas.
Eram escritos em cartões de visita, mais propriamente
cartolinas, com um canto dobrado, assim â maneira dos outros e continham a
calina afirmação “o carteiro da zona `desejam a Vossa Excelência um Feliz Natal
e um Ano Novo próspero”. Onde se lê arteiro leiam-se os mais que emparceiravam
com o sujeito que entregava de porta em porta cartas, bilhetes postais, avisos
de encomendas chegadas à estação, nos tempos em que os CTT não tinham sido privatizados.
Mas essas figuras típicas de Lisboa saíram do prazo de
validade e as cartolinas seguiram-lhes as pegadas. Era ainda a quadra em que se
ia comprar o peru ou a fêmea ali junto ao jardim zoológico onde uns senhores
munidos das respectivas os traziam em bandos. Balanças não havia o bicho era
sopesado à mão, ó freguês o animal é bom e saudável e ao preço que está é mais
uma oferta do que uma compra. Discutir-se o preço? Poucas vezes, em Natal
ninguém levava a mal, o que também se dizia pelo carnaval.
Em casa embebeda-se o prestes a ser sacrificado, enquanto se
iam fritando os coscorões, as filhoses e os sonhos de abóbora. E o desgraçado
que já não se tinha nas patas aguardava pacientemente a guilhotina, que, afinal
era um facalhão bem afiado. Claro que o assassínio (que em casa não era um
genocídio, mas contando as inúmeras casas em que o sacrifício ocorria bem o
podia ser). E era depenado e etc.
O presépio já tinha sido armado, com os três reis magos, os
pastores com as suas ovelhas, mais figuras alusivas, alguns tinham pequenas
igrejas e ribeiras de espelho com as correspondentes pontinhas e no cimo da
choupana a estrela anunciava ecce homo.
Contava o meu padrinho e tio Armando que era um iconoclasta assumido: “quando o
Baltazar, o Gaspar e o Melchior chegaram ao presépio e viram o menino ladeado
por uma vaca e um burro, comentaram:”e é isto a companhia
de Jesus?” Os jesuítas até hoje não muito à bola com o dito.
Vejam lá como chegámos à bola. Que é o hoje o leitmotiv
desta crónica: o Benfica foi eliminado da Taça de Portugal pelo Braga e no estádio
da Luz, o que para quase todos os comentadores e analistas futebolísticos que
enxameiam as televisões “foi um facto histórico”… Assim sendo ou não, o
acontecimento motivou parangonas nos jornais desportivos, nas televisões, nas
rádios e até na Internet, e os quotidianos (que cada vez mais são como os
perus…) deram-lhe citações graúdas nas suas primeiras páginas!
Na outra senhora dizia-se que Portugal era o país dos três
Fs: Fátima, Futebol e Fado; e continua a ser nos dias de hoje, mesmo depois do
25 de Abril (supostamente conhecido). Fátima continua a registar milhares de
peregrinos e até inspira o sôr Silva, com a dona Maria a servir de
intermediária. O Fado já é considerado Património Imaterial da Humanidade, o
que diz tudo. Por isso o Carlos do Carmo chegou às alturas com apenas um senão:
em Belém, o sôr Silva (já citado) vira-lhes as costas porque não gosta dele: é
muito à esquerda…
Finalmente, temos o Futebol, onde o Melhor do Mundo é
português e chama-se Cristiano Ronaldo, ao invés dos longos tempos salazarentos
era o falecido Eusébio e o José Mourinho é muito melhor do que o Otto Glória. A
equipa nacional já não joga com bola quadrada e vai fazendo uns brilharetes nos intervalos das asneiras,
ainda que estas sejam cada vez menores.
Porém o “facto histórico” aconteceu na quinta-feira passado
tendo por local do crime a “Catedral da Luz”. Com Jesus a lamentar a ausência
do Sílvio, do Luisão e outros. Os encarnados (que assim ficaram denominados
porque na era do Salazar não podiam ser chamados vermelhos por causa dos
comunistas) carpiram mágoas tsunâmica: “Estamos lixados - ou vocábulo similar
-, já perdemos a Europa, agora a Taça de Portugal. Que mais nos poderá
acontecer, ainda que estejamos em primeiros na Liga e com seis pontos de
vantagem sobre os dragões?
E porque estive relembrando os tempos da ditadura, não
liguei peva aos “acontecimentos irrelevantes” que enunciei logo no início do
escrito, vem-me agora mesmo à boca a afirmação que então corria: “quem não é
benfiquista não é bom chefe de família”. Pois é, o país dos três Fs que agora
são quatro porque há que lhes acrescentar… e Fo…rnicados.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
CONTRIBUTOS EXTERNOS
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
Gil Monteiro*
Fomos criados para viver em comunidade. Somos seres
gregários, em que a sobrevivência individual é rara, mas sempre auxiliada por
outros elementos da natureza, nem que seja só o murmúrio de uma queda de água
ou o rugido de uma fera, para lá dos canais de isolamento! Claro, passa a
expressar apenas esses e outros sons, deixando de falar ou articular palavras.
Isolar pessoas (os mais velhos) é acelerar a sua morte. Daí a necessidade das
“conversas chatas” dos idosos e os excessos de comunicação digital dos jovens.
Quase meninos, andam com telemóvel na mão e auscultadores nos ouvidos.
Resta às pessoas caseiras a televisão e os animais para
quebrarem um pouco os isolamentos! Ia dizer, mesmo com empregada(o)
domiciliária(o) – quem os pode ter! – as plantas das janelas ou cultivadas nas
marquises são meios ótimos para passar o tempo e ter salsa fresca para os
cozinhados!
Criado em aldeia transmontana, onde as casas de lavradores
tinham o seu cão e gatos vários, de entrada e saída de casa livre, apenas
impedidos, tapando o buraco próprio, quando o porco morto secava pendurado numa
trave do telhado da lareira. Tive, pois, mais contactos com os cães, chegando a
ter um só meu, enquanto fui para a quinta de Provesende, para poder frequentar
a 2ª classe, devido à Regente Escolar de Roalde ter emigrado para o Brasil! Os
gatos são mais fofos e ariscos. Era raro encontrar um que pedisse colo ou desse
colo. Estar no escano da cozinha não era com eles, estavam receosos do excesso
de calor ou de apanhar pingos de água quente. Quando escolhi um bonito, todo
pretinho, levei-o, metido num saco, no cavalo a caminho da quinta, na passagem
pelos povoados, berrava, berrava!...
– Levas aí um gato
roubado! – Ouvia à volta do cavalo.
Aberto o saco, na grande cozinha lajeada da quinta, deu um
salto, fugindo para a zona de salas, quartos e jardim. Adeus, gato! Não foi
mais visto, nem sentido...
Passados meses, no regresso do caminho da Escola, vindo pela
mata de pinheiros, tinha à espera o velho caseiro, Balhestra (!). Esbaforido,
só conseguia balbuciar:
– Ó menino, ó menino,
venha ver o que apareceu na cozinha!...
Corri. A Maria Soqueira, de mãos postas, apontou um canto da
cozinha, dizendo: “estão ali dois gatinhos pequeninos”!... Esperámos: surgiu
outro filhote na boca de um bichano preto!
Seria o meu gato preto uma gata?!...
Sobreviveu no monte, mas não deixou de defender a
prosperidade da sua comunidade.
As minhas cabacinhas, cultivadas na horta, ficaram mais
bonitas, deixaram de ser atacadas por ratos! Pena não servirem para o vinho precioso,
só utilizadas para vinho de consumo e aguapé doce das borras do vinho do Porto,
depois de levado, em carros de bois, para os barcos rabelos, atracados no
Pinhão.
Temos, no Porto, uma cadela arraçada de nobre espécie, salva
da morte, em cruzamento de muito trânsito, onde foi abandonada, com coleira e
trela. É muito irrequieta, mas muito meiga. Tem o condão de me obrigar a vir à
rua passear ou fazer novos amigos. Quando a conversa estica, senta-se, cheia de
paciência no passeio da rua; quando o telefone fixo toca, faz ai, ai, ai até
ser atendido; não ladra e os moradores gostam dela...
Porto, 10 de dezembro de 2014
*José Gil Correia Monteiro
jose.gcmonteiro@gmail.com
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
MEMÓRIAS
Neste dia, em 1944, morre Glenn Miller, músico, compositor e chefe de orquestra norte-americano
sábado, 13 de dezembro de 2014
CONTRIBUTOS EXTERNOS
Coelho no País das Maravilhas
«“Alice no País das Maravilhas” da autoria de Charles Lutwidge Dodgson foi publicada em 4 de Julho de 1865.O seu pseudónimo de Lewis Carroll ficou para a História. É uma das obras mais célebres do género literário nonsense. O livro conta a história de uma menina chamada Alice que cai numa toca de coelho que a transporta para um lugar fantástico povoado por criaturas peculiares e antropomórficas, revelando uma lógica do absurda característica dos sonhos.»
(Wikipédia)
Por Antunes Ferreira
Passos Coelho é o heterónimo da Alice no País das Maravilhas. As palavras dele no último debate quinzenal no Parlamento são de outra galáxia, o que pode significar que o “nosso chefe” continua nas nuvens. Recordo-me da classificação das nuvens quanto ao aspecto delas, que me foi ensinada pela minha professora da quarta classe (ainda a havia e duraria ao longo dos anos) a Dona Clélia Marques directora e proprietária da Escola Mouzinho da Silveira. Não garanto a exactidão dos nomes mas eram mais ou menos assim: Cumuliformes e cumulonimbiformes são nuvens de desenvolvimento vertical, em grande extensão; surgem isoladas; dão origem a precipitação forte, em pancadas e localizadas.
Coelho optou pelo balanço da situação económica do país para iniciar a sua intervenção e a dado momento afirmou que para 2015 existe “uma perspectiva mais positiva e esperançosa para todos os portugueses”. E garantiu que a recuperação da economia portuguesa está a ser feita de forma “sustentável e saudável, quer do lado da procura interna, quer o do investimento!”. As oposições – não há só uma - saltaram à estacada, aproveitando o jargão usado pelo primeiro-ministro “Quem não se lixou, deste feita, foi o mexilhão”.
Para Coelho, os portugueses estão (quase) a entrar no País das Maravilhas. Salvaguardou obviamente as desigualdades na população e o desemprego, ainda que de forma reticente. Se não o fizesse, do descalabro passava à anedota (que é). Admitiu que os “portugueses ainda passam sérias dificuldades”. Mas, logo de seguida disse que via ainda “uma trajectória de desendividamento progressivo” e o emprego “a crescer de uma forma muito sustentada”, apesar de admitir “níveis muito elevados” de desemprego. Em que ficamos? Deixe-se de tretas e de contradições senhor Coelho: o desemprego está a diminuir ou está a aumentar?
Quando a privatização da TAP veio à baila, Coelho teve uma afirmação de se lhe tirar o chapéu, uma dicotomia falaciosa. Evidentemente usando termos correctos politicamente reafirmou que a transportadora aérea nacional era uma espécie de tudo ou nada; se é privada safamo-nos; se não é estamos tramados… Isto porque a famigerada Troika quando lhe mandou privatizar a TAP sabia que sem ela os valores da receita das privatizações iam por água abaixo. Ou viver sem a TAP, ou morrer com ela…
Mas no jantar de Natal da distrital do PS/Porto, António Costa referiu-se aos vários "momentos de fantasia" que Pedro Passos Coelho teve, nesta sexta-feira, no debate quinzenal na Assembleia da República, considerando que o primeiro destes relacionou-se com a privatização da TAP. "Ao contrário do que disse o primeiro-ministro, o que estava no memorando de entendimento com a Troika não era a previsão de uma privatização a 100% da TAP. Não, o que estava no memorando de entendimento era que a TAP só seria privatizada parcialmente e nunca na sua totalidade",
Na opinião do secretário-geral do PS, era tarde para evocar o memorando de entendimento, porque este também dizia que a meta prevista para as privatizações era de 5,5 mil milhões de euros e que, "neste momento, o Estado já privatizou mais de 8 mil milhões de euros, bastante mais do que era a meta prevista no memorando". Donde, e ainda segundo Costa, "não é necessário privatizar a TAP, porque o objectivo aí previsto já foi alcançado e, por isso, o melhor que tem a fazer é não vender a TAP e manter esse activo estratégico para o país", declarou.
Ainda segundo António Costa, houve um segundo "momento de fantasia" do debate parlamentar de ontem: foi quando o primeiro-ministro anunciou que Portugal está a recuperar de forma "sustentada e saudável". E acrescentou que "a dívida, ao longo destes anos, aumentou 54 mil milhões de euros, 30 pontos percentuais. Ou seja, temos hoje uma dívida ainda maior do que a dívida alta que já tínhamos quando este Governo iniciou funções. Onde é que está a sustentabilidade que o Governo vê neste processo?”
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Por estes apontamentos colhidos da comunicação social faço uma pergunto que creio ser razoável: digam-me, por favor, se Coelho vive ou não vive no País das Maravilhas. Para mim, vive; mas sem o relógio.
A expressão utilizada por Passos no fim-de-semana passado foi aproveitada pela oposição que criticou o discurso “esperançoso” do governo no debate quinzenal
No último debate quinzenal deste ano, o primeiro-ministro escolheu o balanço da situação económica do país para a sua intervenção e concluiu que para 20115 existe “uma perspectiva mais positiva e esperançosa para todos os portugueses”. E garantiu que a recuperação da economia portuguesa está a ser feita de forma “sustentável e saudável, quer do lado da procura interna, quero do investimento!”. Mas na oposição os ataques foram quase em uníssono, aproveitando uma expressão recentemente usada por Passos: “Quem se lixou foi mesmo o mexilhão.”
O chefe do executivo voltou aos quinzenais dois meses depois (estes debates foram interrompidos devidos aos trabalhos sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano) e repetiu que os últimos dados do Banco de Portugal e do INE mostram que se “mantém a tendência de crescimento”, argumentando que o investimento feito até aqui está a ser dirigido para “o sector transaccionável e não está a ser transformado em betão ou colocado na economia protegida”. Além disso, Passos vê ainda “uma trajectória de desendividamento progressivo” e o emprego “a crescer de uma forma muito sustentada”, apesar de admitir “níveis muito elevados” de desemprego.
Um balanço contrariado pela oposição. Pelo PS, Ferro Rodrigues foi o primeiro a contestá-lo, recorrendo ao que Passos disse nos últimos dias - “desta vez quem se lixou não foi o mexilhão”. O adágio, explicou Passos no debate, foi usado “para dizer que nesta crise todos fomos chamados a contribuir”. Mas Ferro enumerou os efeitos com os cortes em subsídios sociais, “o desemprego de longa duração”, o aumento de trabalhadores precários, “os desempregados que emigraram” para concluir de forma repetida: “Na sua linguagem marítima trata-se de mexilhão ou lagosta, senhor primeiro-ministro?”
Para o líder parlamentar socialista, a análise de Passos teve um “registo de negação, irrealismo e de efabulação”. E acrescentou que o governo está “em trânsito de uma estratégia neoliberal, para uma estratégia neopopulista”, ouvindo Passos atirar de volta: “Não arrancámos com neoliberalismo, mas com o Memorando de entendimento negociado pelo PS.”
Mas no PCP, Jerónimo de Sousa também atacou Passos pelo mesmo flanco, atirando à “insensibilidade social” do governo: “Quem era pobre, pobre ficou e quem se lixou foram os que não sendo pobres, passaram a ser?
É destes que fala senhor primeiro-ministro?“. E o líder comunista ainda se indignou com a análise económica deixada pelo chefe do executivo: “Não venha com o argumento que estamos melhor que a Grécia, até pode dizer que estamos melhor que o Biafra, mas é isso que o consola, senhor primeiro-ministro?”. E Passos defendeu-se garantindo não estar a ignorar os “portugueses que ainda passam sérias dificuldades”.
Já Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, aproveitou a expressão mais repetida neste debate quinzenal para acusar o executivo de favorecer os poderosos. “Quando estão em causa os novos donos disto tudo, abandona logo o
mexilhão”, acusou a deputada bloquista.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
sábado, 6 de dezembro de 2014
CONTIBUTOS EXTERNOS
Quem se lixa é o mexilhão
Por Antunes Ferreira
“Ao contrário do que era o jargão popular de que quem se lixa é o
mexilhão, de que são sempre os mesmos (...) desta vez todos contribuíram e
contribuiu mais quem tinha mais, disso não há dívida", afirmou Coelho, em Braga ao encerrar um seminário sobre Economia
Social, organizados pela União de Misericórdias de Portugal. A notícia é do
Correio da Manha, ups, com til e afigura-se-me muito interessante.
Coelho, aparentemente, interessa-se por ditados, o que não é exactamente
por diktats. Desta feira escolheu o exemplo do “quando o mar bate na rocha quem
se lixa é o mexilhão” para o negar peremptoriamente afirmando sem pejo que “(…)
desta vez todos contribuíram e contribuiu quem tinha mais” Se fora Portas a
fazer tal afirmação teria dito que ela era irrevogável; mas para o chefe do
(des)Governo “disso não há dúvidas”. O trocadilho fácil que eu queria evitar,
saiu-me: Mas há dívidas…
Num contexto gravíssimo como é este que estamos a viver quotidianamente,
o (des)Executivo não pára de dar arrotos de importância. É a Dona Maria Luís
que afirma convictamente que todos os que se pronunciam negativamente sobre o
OE 2015 estão errados; o único que está certo é o gangue em que está inserida.
É Portas quem quer voltar atrás (honny soit…) no (des)feriado de 1 de Dezembro,
enquanto o nosso primeiro diz que nem penar, talvez daqui a cinco anos.
No meio da salganhada há até quem diga que a coligação está uma outra
vez em risco, o que me cheira a reprise, desta feita quiçá irrevogável. As
frases e as palavras que as constituem estão cada vez mais prostituídas; mas,
infelizmente não são só elas: é o país que se transformou num bordel que vive
num pântano lamacento e mal cheiroso. E eu que também sou gente – ainda que,
por vezes não pareça – cito também um dito popular. Deus manda ser bom, mas não
manda ser parvo.
É, bem vistas as coisas, disso que se trata: os membros deste
(des)Governo querem fazer de nós parvos. E se calhar somos: parvos e péssimos
(o mau não chega), agachados ou inclinados como se devem fazer as vénias. E
sofredores. E pacientes: E sem coluna vertebral. Sá assim se podem qualificar
os portugueses (que também sou); se fossemos de outro jaez, as coisas não
estavam assim, plácidas e serenas.
Basta vermos as reportagens televisivas sobre a Grécia e os Estados
Unidos (e são apenas dois exemplos dum pat-pourri generalizado) para
compreendermos que somos uns bananas, o que para mim é não só desagradável, não
é só irritante – é criminoso. E não me venham com Aljubarrota e com os
Descobrimentos, com os conjurados do João Pinto Ribeiro, ou seja com o “passado
glorioso”.
Porque a verdade é que o Dom Sebastião nunca voltou do nevoeiro montando
um cavalo branco; porque a verdade é que Sidónio Pais o Presidente-Rei mal
chegou ao poder foi assassinado; porque a verdade é que Oliveira Salazar não
era eterno: uma conspícua cadeira tornou-o num imbecil que julgava que os
ridículos conselhos de ministros eram verdadeiros e não uma encenação burlesca
e dramática.
Coelho enveredou pelos adágios populares – a opção é dele – mas podia
ter usado termos mais politicamente correctos. O povo também usa o termo
mexilhão, mas muitas vezes não usa que é este que se lixa: usa a palavra de
calão que não é “trama”, mas que é exactamente a mesma coisa.
Para mal dos nossos pecados (os meus são muitos, mas vivo excelentemente
com eles…), quem não se sente, não é filho de boa gente; e pelo andar da
carruagem coelho nem se sente. No tempo da outra senhora havia uma quadra
popular que dizia:
Dos dois Antónios
de que Lisboa desfruta
Um é filho das Sé;
E o outro… não é…
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
MEMÓRIAS
Neste dia, em 1791, morre Wolfgang Amadeus Mozart, compositor austríaco do período classico
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
MEMÓRIAS

Neste dia, em 1911, morreu SÓCRATES Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o doutor Sócrates, futebolista, e não só, brasileiro
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Estão com medo de quê?
Até
preso – preventivamente – José Sócrates mete medo a muita gente, sobretudo à Comunicação
Social. Agora, questiona-se o facto de Sócrates estar a mandar cartas para
jornais, para canais de televisão e estações de rádio, através de telefonemas
para o seu advogado, desmentindo muito do que tem sido noticiado como factos
que constam da investigação do Ministério Público e que são motivo de o terem
indiciado da prática de alguns crimes e de o terem privado preventivamente da
sua liberdade. Porquê, questiono? Têm medo que quando se souber toda a verdade,
muito do que têm dito seja mentira? Se calhar têm! Ou acham que, porque são na prática inimputáveis sobre a
violação do segredo de justiça, podem dizer tudo o que lhes apetece sobre um
cidadão e que este não tem direito a defender-se das acusações que lhe fazem? Já
não lhes chega terem-no “julgado e condenado” na Praça Pública?
Mas,
ainda bem que Sócrates lhes mandou dizer que não lhes faz o favor de estar
calado. Ainda bem, digo eu. É preciso que alguém lhes faça frente!
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