quarta-feira, 3 de julho de 2019

CONTRIBUTOS EXTERNOS


  S. JOÃO DO BONFIM 
                                                                                                                
       Gil Monteiro*


Sendo São João a figura austera de santidade, no tempo de Jesus Cristo, implantou o batismo nas águas do rio Jordão, como preceito bíblico de as almas alcançarem o Reino do Céu, após a morte da carne havia a sobrevivência da alma.
        Uma Santidade tão grave tornou-se rapioqueira e muito popular. Como? Foi, e continua a ser acolhido pelos pobres do tempo de Jesus Cristo, e, cada vez mais, pelos políticos degradados filhos de Eva, e famintos do Céu e da Terra! Será que no Firmamento pode haver misérias? Deus é Pão e Misericórdia estando omnisciente em todas as galáxias.
        É supero venerado no Norte de Portugal, chegando ao “grande” Brasil e locais de formação castelhana. As dioceses onde se fala português, mesmo as de ortografia antiga!
        Podemos não saber dos dias que decorrem, mas as datas festivas dos santos populares lembram sempre! Podem faltar as bandas de música, os bombos, ferrinhos e concertinas, os arraiais existem sempre! Os padroeiros Santo António, S. João e S. Pedro são evocados e as sardinhas assadas, com umas goladas de verde tinto bem deglutidas! Os manjericos, raminhos floridos e ramos de “ramalheiras” criam os ambientes das ruas, praças e bairros! Até nas praias e esplanadas as brisas da noite são adocicadas: há maresias e perfumes populares. A cerveja tem sabor a “ carrascão” do Douro ou alvarinho de Monção! A Cidreira, o alho-porro e caldo verde condimentam as brisas feitas para o zé-povinho.
        É preciso não esquecer os vasos de flores que irão acompanhar as vindimas e os magustos de castanhas assadas na lareira!
         ---- Um tostadito para o S. João... ---- Pediam as crianças. Em frente das cascatas armadas no vão das escadas ou nas escaleiras das capelas ou igrejas, como nas soberbas da igreja do Bonfim, lindas e bem decoradas e muito visitadas.
        Nas portas mais largas de entradas para as ilhas existentes nos anos cinquenta, e onde havia mais passantes de “bom coração” e inquilinos a viverem bem. As rendas das ilhas asseadas eram baratas e os ocupantes empregados no comércio e indústria.
        Oferecer cinco tostões era muito bom, pois por meio tostão ainda se comprava uma caixinha de fósforos ou um raminho de rebuçados de papel.

        A rua do Bonjardim dava passagem para as ilhas dos bairros. Os moradores (alguns) iam para os trabalhos de táxi. Mouzinho Albuquerque, rua das Flores, Ribeira, e já Santa Catarina, tinham paragem de carros e elétricos.
        As cascatas e as rusgas eram organizadas pelo Clube dos Feniano, ranchos folclóricos e moradores dos bairros. Paranhos dava grupos de cantadores (as) e carroças carregadas de verdes, manjericos, alho porros e vides americanas de cachos ainda da cor do mar! A praga da filoxera estava a acabar...
        Era o S. João das Antas, do Bonfim, da Lapa e Cedofeita (agora em decadência).
        Viva o Novo S. João de Miragaia, Serra do Pilar, Ribeira até à Foz (Passeio Alegre).
        S. Pantaleão, entre o pantomineiro, faz viver o Porto.


Porto, 26 de junho de 2019

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