segunda-feira, 6 de maio de 2019

CONTRIBUTOS EXTERNOS


{  ARRAIAIS POPULARES   }
       Gil Monteiro*

        “ Cada roca seu uso, cada Terra seu fuso” Não havia e nem há comunicação social de qualquer povoado sem os dias dedicados à sua romaria ou a outras próximas. Sem as promessas religiosas feitas a Deus ou aos Oragos ligados à vida campestre, por vezes citadina, a marcar presença nas manifestações era obrigatório, mais que recitar o Credo da comunhão ou um Jesus Cristo, valha-me Deus!
        Em determinadas povoações demoravam dias de festa. Desde a romaria e solenidades às feiras e concursos de gados e arrais, e compras de materiais (mesmo de vestir e calçar) para o verão que se aproxima. Era o que se passava nos dias dedicados a São José, em Vila Real, no fim do estio, em Lamego, durante perto de um mês dedicado às diversas atividades, desde procissões, teatros e cinemas. A feira franca funcionava todos os dias. Quem se divertiam mais: os pais (mesmo cavadores de enxada) ou os filhos nos carrosséis, carrinhos de choque, abrindo a boca de espanto nas motas a girar por atletas, dentro do poço da morte!
      Nas romarias mais fortes - fracas eram as solenidades religiosas e as barracas de comes-bebes que duravam um fim-de-semana prolongado, ficando a segunda-feira para o convívio dos residentes do povoado. Até os preços de fim-festa eram mais baratos. O vinho corria mais fresco nos pinceis.
        Grande revolução: A com banda (s) de música e andores deviam ter lugar antes da noite do arraial? Queixavam-se os paroquianos. Após uma noitada de arromba: foguete, músicas e bailes, quem tinha pés para ajoelhar e rezar, na passagem majestosa e pomposa dos santos e anjinhos! Para não lembrar os mendigos e borrachos, em dias de abundância!
        Eram nas festas anuais ou bianuais, quando as aldeolas eram pequenas, que se compravam as roupinhas de verão, as alpercatas e os brinquedos de lata e de barro. A flauta e os carrinhos de chapa duravam até o próximo Natal! A compra dos chapéus de palha eram necessários (!) As insolações não podia fornecer muitos defuntos e a vida campestre era obrigatória: nem os lobos dos montes metiam medo às crianças!
        Os anhos de pernas fracas, dizimados pelos mamíferos carnívoros, defendiam a gente da região. Mesmo os cães selvagens ou os perdidos dos rebanhos da Serra da Estrela caçavam cordeiros para sobreviver, pois com os incêndios os coelhos e as lebres diminuíram!...

   
  Como viviam os pastores dos rebanhos durante a transumância das serras para as planícies, durante os tempos invernosos e das neves? Albergavam-se em palheiros ou casas de lareiras --- “ matando o frio “ das noites gélidas e de pastos comestíveis para o grande rebanho. Os montes e olivais abandonados eram locais de pastagens; pois após a lei que obrigou a retirar as oliveiras dispersas pelas vinhas de uvas para vinificação vinho fino ou do Porto, as oliveiras foram deitadas ao desdém, apenas sobreviveram os clivais no sopé das montanhas; nas localidades de lameiros transmontanos, onde a pastorícia era rara os pastores alugavam os pastos cultivados dos milheirais, chegando às cercanias de Vila Real! Considerando as ovelhas, mais as cabras como “ bombeiros sapadores “ não haviam muitos e duradouros incêndios nos matagais das povoações (os terrenos incultos eram limpos para as cortes dos gados e para estrumes dos campos de milho, etc.)
        Os terrenos de Tás - os - Montes e Alto Douro estão a precisar de serem limpos pelo Estado...  O preço de um helicóptero dava para pagar as limpezas dos montes e caminhos, não descontando a biomassa arrecadada!

Porto, 21 de abril de 2019

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