sexta-feira, 7 de abril de 2017

CONTRIBUTOS EXTERNOS

-- # - SÃO JOSÉ - # --

                                                                                           Gil Monteiro*
São José é meu padrinho. Eu conto:
“ Sou do tempo em que era privilégio serem padrinhos os avós e compadres. E, quando morriam antes dos nascimentos? Casos frequentes nas aldeias das serras transmontanas. Regavam o milho, molhavam os pés, e as gripes, e sem médicos, apontavam cedo os caminhos dos cemitérios! Ainda por mais, as veigas eram encharcadas de ribeiros e levadas de água e moinhos! Mesmo os socos fortes deixavam entrar a água...
Sendo o mais novo de cinco irmãos, quando nasci, os avós já tinham os repousos nos campos santos. Daí ser nomeado padrinho S. José, no ato da primeira água benta! “
Morriam jovens os avós. As estórias eram contadas ou lidas por mulheres ou irmãos. O mesmo acontecia com as rezas e vias - sacras ao redor da capela, na Quaresma.
Pela família e pelo Santo tinha de ser chamado José ou de José, como se diz no Brasil, onde tinha um tio chamado Gil; fiquei pois José Gil!
Nem em Portugal e, mais tarde, na terra do samba, vi o tio Gil Monteiro!
O meu pai foi novo para a terra dos cariocas, mas, em nove meses, re gressou à terra da promissão, onde tinha deixado noiva bonita e ansiosa; de chinela no pé, na romaria da senhora da Saúde!
São José da Sagrada Família, pouco conhecido em leituras biblíacas: o que lhe aconteceu, após a morte de Jesus?, onde faleceu?, deu-me a sua graça na Pia-Benta. Fiquei abençoado, capaz de o poder encontrar no reino dos céus, quando chegar o momento...
Só na escola primária fui conhecido por José, por ter um colega mais velho, chamado João Gil. Tinha que ser que ser o Zé Gil, ainda, o sou para a Família mais próxima.

O dia 19 de março, dia consagrado a S. José, era feriado e dia Santo (dia de missa). Havia sermão e missa tocada e cantada, na minha aldeia antiga.
Ia para o coreto a assistir deslumbrado aos acordes e cenas; via as caras espelhadas nos bombardinos e trombones! No palco do palco da capela, os três padres, música e outros cantores faziam uma ópera!
O dia santificado foi extinto e S. José entrou em esquecimento lento. O bondoso e altruísta, tornado divino, é, felizmente, muito lembrado nas igrejas orientais; até na Grécia se notam os efeitos!, nem é preciso visitar a ilha onde a Virgem morreu!!!...
No tempo de Herodes, teve que fugir para o Egito salvando o Menino. A burrinha levava Santa Maria. São Salvador do Mundo assim, mais uma vez, escapou à morte, decretada por romanos. Após o desaparecimento de Pilatos, regressaram à Palestina.

S. José é símbolo da benemerência e do trabalho. Morreu, dizem, velhinho. Mas, formou o Presépio Eterno...

2 comentários:

Janita disse...

Parabéns senhor José Gil. Gosto muito das suas excelentes narrativas, embora as não comente sempre. Desta, gostei especialmente, por se tratar uma viagem pelas memórias do seu passado - bem passado - que se enquadra na época pascoalina.

500 disse...

Obrigado, em nome do autor.