sábado, 9 de fevereiro de 2013

Os aparelhos partidários.


Todos os dias ouvimos falar da importância que têm dentro dos partidos os chamados aparelhos partidários. E ninguém tem dúvidas que hoje os órgãos directivos dos dois principais partidos do poder – PS e PPD – são controlados pelos respectivos aparelhos. Passos Coelho chegou a líder do partido e, consequentemente, a primeiro-ministro, porque, fora do poder, ele e alguns dos seus indefectíveis amigos tomaram de assalto o aparelho. António José Seguro, sempre “alheado” dos problemas dos últimos tempos da governação Sócrates, foi conseguindo dominar o aparelho, de tal modo que a ninguém espantou que tivesse ganho a liderança do partido. É verdade que beneficiou da não “ida a jogo” de António Costa, mas será que não teria ganho à mesma? E agora, o que sucederá se Seguro tiver de disputar a liderança com António Costa? Provavelmente voltará a ganhar, mas uma sondagem publicada hoje no Expresso mostra que António Costa é o preferido dos portugueses, sobretudo daqueles que dizem ser simpatizantes do PS. Ora isto quer dizer que se houvesse eleições primárias abertas, como há em algumas democracias (por exemplo nos Estados Unidos – só assim Obama chegou a Presidente), António Costa seria, naturalmente e com alguma facilidade, o novo líder do partido. Seguro só é líder porque domina o aparelho.
Mas se é verdade que Passos Coelho e António José Seguro são líderes porque dominam os respectivos aparelhos dos partidos, também o é que estão reféns deles. Vão ter que engolir muitos sapos vivos com as eleições autárquicas deste ano. Só assim se compreende que Menezes seja o candidato oficial do PPD à Câmara do Porto e António Parada o candidato do PS à Câmara de Matosinhos. Não há a mais pequena dúvida: Ambos são candidatos dos aparelhos. Dúvida há, e cada vez mais, quanto a algum deles poder ganhar a Câmara a que concorre. Por mim, espero que não ganhem. E, se quanto a Menezes ficarei muito contente e darei o meu contributo para isso (sou munícipe no Porto), quanto a António Parada digo-o com muita tristeza. E aproveito para mandar um recado a José Luís Carneiro, líder da Federação do PS/Porto: A democracia não se esgota nem se resume a eleições; há outra regras, entre as quais o respeito por quem serve, e bem, o país (neste caso o concelho) os cidadãos e os partidos. Ah, e já agora explique-me: é normal que tenham entrado para o PS, nos últimos tempos, cerca de dezanove mil novos militantes?    

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