Neste dia, em 1886, morre José Joaquim CESÁRIO VERDE, escritor e poeta português
Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa dum café devasso.
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura.
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorreste um miserável,
Eu que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez não o suspeites!-
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
Ia passando, a quatro, o patriarca.
Triste eu saí. Doía-me a cabeça.
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.
Adorável! Tu muito natural,
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal.
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e em 1993, morre Jean Negulesco, realizador norte-americano
2 comentários:
Um belo poema de Cesário Verde que já conhecia, gosto e até já publiquei. Excelente escolha!
O realizador não conhecia e creio que o filme também não, mas conheço alguns dos actores que entram no dito.
Um beijinho e boa semana.
(fresquinha, como convém.)
Não viu o "Como Casar com um Milionário", com William Powell, Marilyn Monroe, Betty Grable e Laurean Bacall? Um filme antigo, de 1953. É do mesmo realizador.
Estranho seria se não conhecesse o poema... Também (termo que é preciso usar em contexto, com cuidado e parcimónia) o conhecia, veja só.
Hoje a temperatura está mais do meu agrado. Mas não do meu agrado as mudanças bruscas.
bji.
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