Também neste dia, em 1907, nasce Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, poeta, escritor e médico português
QUASE UM POEMA DE AMOR
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
--- Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
--- Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor
3 comentários:
E, porque também vou envelhecendo,
e isso de paixão na velhice
não é visto como coisa de bom grado
gostaria de voltar a apaixonar-me
para, sem pudor,
escrever um bonito poema de amor
contradizendo o dito deixando-o
sem valor.
Porém, meu coração diz-me que não,
melhor ganhar juízo e voltar à razão.
Tá a ver como as coisas são?
Bela rima, como é habitual.
Uma alegada velhice (quando começa a dita?) não implica - digo/julgo eu - , improbabilidade de concretização de uma paixoneta tardia, mais calma e serena, sem os arroubos da juventude.
Como não sei versejar, nunca escrevi um poema de amor e não vai ser agora que vou iniciar tão difícil tarefa, mas que gostava de o poder fazer, lá isso, gostava.
Tou vendo o argumentário!
muito sério, profundo como sempre foi.
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