Neste dia, em 1842, nasce Antero de Quintal, poeta português
Divina Comédia
Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,
Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inestinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N'um turbilhão cruel e delirante...
Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?
Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — «Homens! por que é que nos criastes?»
Antero de Quental, in "Sonetos"
3 comentários:
Sem dúvida, um poeta fabuloso
.
Feliz fim de semana
E, como Antero de Quental merece
aqui lhe trago mais um Soneto seu
que bem retrata estes negros dias
que desfiamos, como quem reza uma prece...
Disse ao meu coração: «Olha por quantos
caminhos vãos andámos! Considera
agora, desta altura fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos...
Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E noite, onde foi luz de Primavera!
Olha a teus pés o Mundo e desespera,
Semeador de sombras e quebrantos!»
Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do penar tornado crente,
Respondeu: «Desta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se é isto a vida,
Nem foi de mais o desengano e a dor.»
Beijinhos e bom FDS.
Dizem os entendidos que Antero terá sido um dos maiores poetas portugueses.
E poetas, sem abordarem o Amor, não são poetas, digo eu, nada entendido na matéria.
bji e Domingo
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