O Homem de Muitos Instrumentos (*)
Antunes Ferreira
Desde sempre “O Homem dos Sete Instrumentos” faccionou os
portugueses. Recordo que na minha
meninice tinha um vizinho, o Senhor Samuel que além de ter três empregos, nos
tempos do saudoso Salazar os tempos
eram difíceis, (ainda que hoje os Mários Machados os tentem ressuscitar) tocava
violino nas horas vagas (?) e ainda tinha tempo para à noite dar uma de
guarda nocturno com espadão e tudo. Por
isso era conhecido pelo Homem dos Sete Instrumentos. E se mais houvera – mais
tocara.Já nos nossos dias o Sérgio Godinho fez história com uma
canção a que deu exactamente esse
título. Pessoalmente digo aqui à puridade que não sou fã do cantor de
intervenção, realizador cinematográfico, autor, escritor, actor natural do
Porto cuja importância na música
portuguesa é importantíssima e marcou uma época muito especial. A sua vida é
bem o exemplo do título que deu à canção atrás mencionada.
Hoje temos um Senhor que é o Presidente da República e que
também um Homem que toca Instrumentos mas no seu caso Muitos. Ou seja ele é bombeiro, ele é fotógrafo, ele é
enfermeiro, ele é professor, ele é nadador, ele é viajante, ele é visitante,
ele é popular , ele é populista, ele é tudo e mais alguma coisa, ele é etc. Ele
é mais do que Deus – está em toda a parte, é omnipresente e sabe de tudo, é omnisciente. É o verdadeiro artista.
Convém, agora e aqui, dizer que não votei em Marcelo Rebelo
de Sousa, não gosto de Marcelos. Também não gosto de selfies. Nem de
abracinhos. É o meu feitio. E quem me fabricou já não está por cá e a forma que
utilizou partiu-se. Posto isto, duas anotações que me deram dois murros no
estômago, entre muitas outras. A saber:
1) A
ida à tomada de pose do capitão Jair Messias Bolsonaro como Presidente do
Brasil. Para uma “conversa de um quarto
de hora entre irmãos”? Irmãos? Eu não posso nem de longe nem de perto
considerar, um fascista, racista, homofóbico, classista, machista e ouros
qualificativos mais meu irmão!
2) O
seu telefonema para a Senhora Cristina Ferreira aquando da transmissão em
directo do primeiro programa dela na SIC, alegadamente para a compensar da
entrevista que concedera ao Senhor Manuel Luís Goucha. Um Supremo Magistrado da
Nação não pode tomar atitudes destas. Em nome de quê? Da popularidade?
(*) substitui a publicada ontem
1 comentário:
O homem é pau para toda a obra. Confesso que já enjoa e ainda vai a meio.
Enviar um comentário