segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

CONTRIBUTOS EXTERNOS

Ditadores à rasca

Por Antunes Ferreira

Chamem-se o que se lhes quiser chamar mas a verdade é que ditadores são pura e simplesmente… ditadores. Costumam rodear-se de cortes reverenciais povoadas pelos yess men porque como diz o povo “enquanto o pau vai e vem quem descansa são as costas” São eles que os adulam que os apaparicam que os idolatram que os convencem que são deuses na terra ou que detêm o poder porque a vontade divina assim o quis.
Nestes últimos dias morreu Fidel Castro, José Eduardo dos Santos declarou que não se recandidatará a Presidente de Angola, o Presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, foi derrotado nas eleições. Todos eles são ditadores. Este último terá mesmo afirmado em dada altura que “sentia orgulho em ser ditador”. Claro que estes casos não são regra (antes fossem) mas poderiam ser um aviso para os muitos que ainda vão sobrevivendo. Não são. Os ditadores têm orelhas moucas.

Fidel Alejandro Castro Ruz que a partir da Sierra Maestra, acompanhado de seu irmão Raul e de Che Guevara, desencadeou una guerra de guerrilla que viria a derrubar outro ditador o ex-sargento Fulgencio Baptista, manteve-se no poder durante 49 anos e transformou politicamente Cuba num estado socialista autoritário e uni partidário. A sua aproximação à então União Soviética com a colocação de mísseis nucleares na ilha podia ter estado na base da III Guerra Mundial. Felizmente assim não aconteceu.
O estado de decadência a que Cuba chegou deve-se muito a el Comandante. Os fugitivos que estão refugiados nos Estados Unidos não conseguiam encontrar a Liberdade na sua própria terra. Os lamentos, as carpideiras, as crianças agitando bandeiras e sobretudo o macabro cortejo transportando as cinzas de Fidel foram um espectáculo deprimente, uma encenação deplorável, uma homenagem desarrazoada a um ditador. Porque Fidel Castro era um ditador .
Na Gâmbia Jammeh foi (e ainda é) outro ditador. O antigo militar “reinou” no país africano durante 22 anos, e até à hora em que escrevo este texto ainda não reconheceu a sua derrota. Temos de analisar o que ocorrerá com pinças,  O homem, de 51 anos, tinha dito durante a campanha que só Alá o poderia retirar do cargo…. E com isto está tudo dito a respeito dele. Mas, não está. Especialista em declarações, cada uma pior do que a outra teve o desplante de afirmar que dirigiria o país durante “mil milhões de anos”…
Pelos vistos o tiro saiu-lhe pela culatra o que não é mau, é péssimo, num militar que chefiou um golpe que o levou ao poder. Mas a vida, mesmo a castrense, tem destas coisas: como os alcatruzes da nora, uns em cima outros em baixo. E assim continuam, mesmo quando o poço fica seco. Basta que o animal o não saiba e que o homem que o chefia muito menos…
Chega-se agora a Luanda. O ainda Presidente José Eduardo dos Santos ditador da mais fina esterpe, nomeou já o seu sucessor na presidência. Claro que depois de eleições, como sempre entre chapeladas, o que quer dizer manipuladas. Santos (é costume trata-lo por Dos Santos, mas eu não gosto de transformar minúsculas em maiúsculas) é um dos maiores corruptos do continente africano; até há quem diga do Mundo. Creio que é um exagero…
Além disso a sua corte é um bom exemplo do nepotismo mais descarado; não há familiar, seja directo, seja por adopção, seja por compadrio, seja por matrimónio, que não tenha o seu tacho. Todos abancam à mesa do Orçamento – se é que há orçamento, e havendo-o, que possa contemplar todos – e se há alguém que duvide basta consultar os lugares proeminentes dirigidos ou chefiados por familiares de Santos. A nomeação da filha Isabel para presidente da Sonangol é sintomática.
Mas a nomeação de João Lourenço como seu sucessor na chefia do MPLA (o partido único) que o mesmo é dizer na presidência de Angola não é ditadura – é kimilsunguismo. 
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1 comentário:

Janita disse...

Parabéns pelo excelente artigo, amigo Henrique.
Então a parte que ao Fidel e a Cuba diz respeito, assino sem precisar de mais. É tal qual o que penso!

Abraço.