quarta-feira, 12 de agosto de 2020

EFEMÉRIDES - 2


Também neste dia, em 1907, nasce Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, poeta, escritor e médico português









QUASE UM POEMA DE AMOR

Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
--- Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor

3 comentários:

  1. E, porque também vou envelhecendo,
    e isso de paixão na velhice
    não é visto como coisa de bom grado
    gostaria de voltar a apaixonar-me
    para, sem pudor,
    escrever um bonito poema de amor
    contradizendo o dito deixando-o
    sem valor.

    Porém, meu coração diz-me que não,
    melhor ganhar juízo e voltar à razão.

    Tá a ver como as coisas são?

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  2. Bela rima, como é habitual.
    Uma alegada velhice (quando começa a dita?) não implica - digo/julgo eu - , improbabilidade de concretização de uma paixoneta tardia, mais calma e serena, sem os arroubos da juventude.
    Como não sei versejar, nunca escrevi um poema de amor e não vai ser agora que vou iniciar tão difícil tarefa, mas que gostava de o poder fazer, lá isso, gostava.
    Tou vendo o argumentário!

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  3. muito sério, profundo como sempre foi.

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