terça-feira, 13 de março de 2012

O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

Depois de Vasco da Graça Moura o ter feito no CCB, um juiz de Viana do Castelo proibiu o uso do Novo Acordo Ortográfico por, diz, não ser aplicável aos tribunais (o que aparentemente é verdadeiro), além de permitir interpretações dúbias dos articulados e das sentenças, o que é contra os princípios elementares do direito.
E agora?
Por mim, mandava o Acordo à malvas.

2 comentários:

  1. Tirando o argumento de uma paixão irracional e conservadora (que, de
    resto, eu comungo) não vejo o que é que se possa ter
    contra o acordo. Todos os argumentos que tenho visto contra ele
    revelam essencialmente uma coisa: ignorância completa, ignorância do
    acordo, ignorância da língua, ignorância da História.
    As pessoas falam como se o acordo fosse uma grande machadada num
    idioma secular. E avançam argumentos pobrezinhos, do tipo que a
    Inglaterra nunca fez um acordo e não tinha menos colónias do que nós.
    O argumento esconde uma ignorância essencial, que a Inglaterra teve
    aquilo que nós nunca tivemos: um dicionário.
    Ao contrário do que os anti-acordortografistas imaginam, nunca houve
    uma norma na escrita do português até 1910. O português pré-acordo que
    eles hoje tanto defendem nunca foi sustentado pelo saber de nenhuma
    Academia que, entre nós, nunca existiu. Data de um decreto da I
    República contra o qual Fernando Pessoa - como agora as juízas de
    Viana do castelo - se espolinhou pelo chão, aos urros que sua pátria
    era a língua portuguesa e que passar escrever «farmácia» com «f», em
    vez de «ph», era apunhalar Camões e o Padre António Vieira e desonrar
    a memória do Filho do Conde D. Henrique e Dona Teresa (ou devo
    escrever Anrique e Tarasia, para não ofender os
    anti-acordortografistas do séc. XII?).
    O que é espantoso é que os anti-acordortografistas são normalmente
    pessoas que se têm na conta de esquerda e nada conservadores. E não
    compreendem que a sua oposição ao acordo revela, afinal, a essência da
    sua estrutura mental reaccionária que sempre tentam ocultar.
    Eu, como eles, sou contra o acordo. Mas eu sou-o, pela mesma exacta
    razão que, quando tinha oito anos e era do Sporting, detestei ver
    Carvalho substituído na baliza dos leões por Vítor Damas. Porque toda
    a mudança me incomoda. Porque sou um reaccionário.
    O acordo, em si mesmo, não tem nada de mal. Só se pode ser contra ele
    por se ser reaccionário. Assumam-se!

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  2. Sou contra o acordo e nem por isso me considero reacionário, coisa que tavez fosse a tia de Funes.
    Já não tenho idade nem pachorra para começar a escrever que excecionalmente os espetadores acertam no sítio exato do animal para desespero dos espetadores presentes na arena montada na capital do Egito, cousa vista em direto por meio mundo. Bem sei que se poupam letras e, logo, espaço e essas tretas, mas não contem comigo, que não dependo do governo, como diz que disse o juiz de Viana.

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